domingo, 11 de dezembro de 2016


Vejo um flamboyant da minha janela
                                                                                                                                                    Magaly Andriotti Fernandes

É dezembro e quando saio na janela vejo três flamboyants floridos. Tapetes de vermelho. Moro na capital do Rio Grande do Sul e nesse período ainda é primavera, já quase verão. É uma vista multicolorida, tem épocas do ano que os ipês amarelos e os lilases delimitam o colorido.
Moro nesse apartamento desde os meus 21 anos, nele construí meu ninho, eduquei meus filhos, vivi um grande amor Quando olho para rua vejo além de arvores o estuário do Guaíba, parte pequena, mas o vejo lembro das juras de amor que faladas e vividas.
Nesse momento em que a cidade se veste de luzes, e o vermelho na decoração de Natal e uma constante, olhar os flamboyants floridos faz o coração bater mais rápido, faz pulsar as juras de amor faladas e vividas e a boa saudade brota.
A natureza é muito mágica, quantas flores são necessárias para dar a intensidade da cor? Para que todos os galhos fiquem igualmente coloridos, para que o tom especifico do vermelho fique assim tão homogêneo, e de tanto em tanto, pequenos pontos amarelos do miolo da flor fiquem nítidos aqui numa distância que posso ver do nono andar.
Minha mãe amava essa arvore, depois da figueira era sua preferida. Penso que com ela aprendi a observar a natureza. Quando fico triste, preocupada, desassossegada, caminhar pelas ruas do bairro, abraçar as arvores, ou simplesmente achar uma sombra e ali ficar por momentos, me organiza e me alegra.
Flamboyants na janela, sou mesmo uma pessoa privilegiada. O amor está no ar, preciso apenas abrir a porta.

Porto Alegre 11/12/2016

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