Vejo um flamboyant da
minha janela
Magaly Andriotti
Fernandes
É dezembro e quando saio na janela
vejo três flamboyants floridos. Tapetes de vermelho. Moro na capital do Rio
Grande do Sul e nesse período ainda é primavera, já quase verão. É uma vista
multicolorida, tem épocas do ano que os ipês amarelos e os lilases delimitam o
colorido.
Moro nesse apartamento desde os meus
21 anos, nele construí meu ninho, eduquei meus filhos, vivi um grande amor
Quando olho para rua vejo além de arvores o estuário do Guaíba, parte pequena, mas
o vejo lembro das juras de amor que faladas e vividas.
Nesse momento em que a cidade se
veste de luzes, e o vermelho na decoração de Natal e uma constante, olhar os
flamboyants floridos faz o coração bater mais rápido, faz pulsar as juras de
amor faladas e vividas e a boa saudade brota.
A natureza é muito mágica, quantas
flores são necessárias para dar a intensidade da cor? Para que todos os galhos
fiquem igualmente coloridos, para que o tom especifico do vermelho fique assim
tão homogêneo, e de tanto em tanto, pequenos pontos amarelos do miolo da flor
fiquem nítidos aqui numa distância que posso ver do nono andar.
Minha mãe amava essa arvore, depois
da figueira era sua preferida. Penso que com ela aprendi a observar a natureza.
Quando fico triste, preocupada, desassossegada, caminhar pelas ruas do bairro,
abraçar as arvores, ou simplesmente achar uma sombra e ali ficar por momentos,
me organiza e me alegra.
Flamboyants na janela, sou mesmo uma
pessoa privilegiada. O amor está no ar, preciso apenas abrir a porta.
Porto Alegre
11/12/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário