Comentário critico
Filme: Mãe só há uma
Direção de Anna Muylaert
O filme é
baseado na história do garoto Pedrinho, que descobre ter sido roubado de seus
genitores. Na trama Pierre, interpretado pelo ator Naomi Nero recebe a notícia
sobre o roubo, e conhece seus pais biológicos que buscam por ele há 17 anos.
Ele está passando por uma descoberta sexual e de gênero, usando vestidos,
pintando-se, experimentando gestos e beijando tanto garotas como garotos.
Á mim o filme
me faz pensar como urge a forma de resolução de conflitos sociais. Um sistema jurídico
e penal que congela, que incrementa ódios e raivas. Qual o papel do
profissional da áreaPSI nesses casos?
Um jovem em
plena adolescência, florido em suas buscas de identidade, recebe assim como uma
bomba , a notícia que aquela não e a sua família. No filme não e dito o que fez a
mãe rouba-lo, como foi que ele foi retirado da maternidade. O filme foca nele,
a irmã também foi sequestrada quando bebe, e vai para outra família. Com a irmã
a família, vem e busca, e a leva para Disneylândia. E ai outra pergunta, o que
pensam esses pais biológicos, que isso a ajudará esquecer apagar sua relação
com a mãe “sequestradora”?
Existe em
todas as intervenções uma profissional PSI mas ela me parece como um vaso, um
objeto que ali está, oras fala de si mesmo, de seu tempo de trabalho. A escuta
desses jovens, a costura entre as três famílias não ocorre.
Penso eu que
esses casos necessitariam sim de uma justiça restaurativa, com encontros
restaurativos, com círculos onde todos os interessados pudessem ali conversar,
dizer de seus ódios, de suas raivas, de seus medos, de suas expectativas. E a
partir daí sim poder pensar uma nova configuração familiar.
O que resolveu
prender a mulher que sequestrou as duas crianças? Senão para alimentar o ódio social.
Nem o rapaz,
nem a menina demonstraram ódio, por essa que foi sua mãe até o presente
momento. No filme essa maternidade se dava por cuidados da alimentação, da
higiene dos dois, uma mãe que fazia por eles, a princípio pode se pensar numa
mulher invalidando, mas tem poucos dados, poucas informações.
O que se passa
na cabeça dos pais de Felipe, que não conseguem pensar que passados 17 anos ele
não e mais um bebe? Ele se chama agora Pierre. Quem é Pierre, como vive? Como passou
esses anos todos, como foi cuidado ou não?
A
sequestradora, sai de cena, é presa, não se fala disso, não há um
esclarecimento para os filhos sobre o que a fez rouba-los? Ele ficam com uma tia, familiar da
sequestradora, que se preocupa em deixar a casa andando para que eles fiquem bem,
dentro de seus conceitos de cuidados. E entra o profissional inoperante PSI,
que nada faz, não assinala, não media, não propõe.
Pensando o
filme, me pergunto e o Pedrinho, no qual se baseou o autor para criar a trama,
o que se passa com ele hoje?
Outras questões
que me coloquei a divagar assim como o poeta e sábio Gibran Kalin Gibran , de
quem são os filhos? São meus, teus, da sociedade? Educamos os filhos com que
proposito? E os irmãos como estão postos nessa relação?
No filme o
irmão quando vê a mãe querendo transformá-lo num auxiliar, salta fora. Em duas
cenas ele tenda aproximar-se, criar uma fraternidade. O fim do filme é legal,
os dois irmãos olhando para o computador em busca da irmã perdida.
Esse
profissional PSI não teria que ter garantido o direito desses irmãos de
conviverem?
Magaly Andriotti Fernandes
Porto alegre 20 novembro 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário