JOANA
Magaly
Andriotti Fernandes
Joana
não sabia ler e nem escrever, mas adorava falar, adorava inventar histórias.
Historias suas, sobre suas filhas, suas netas.
Tinha horas
que Joana se metia em encrenca, pois inventava sem preocupar-se com a
veracidade dos fatos.
Verdade,
mentira, real ou imaginário, quem sabe ela não soubesse bem as diferenças.
Falava, falava
pelos cotovelos.
Adorava
visitar, amigas, vizinhas, tias, primas e filhas. Não gostava de ficar em casa.
Ficar quieta
por casa, só se tivesse algo para tecer, algum crochê encomendado, ou para seu próprio
consumo.
Nasceu em
baixo de mal tempo, o trabalho era seu nome. Na roça até casar, e depois como doméstica
na sua própria casa e na dos outros. Ainda idosa trabalhava.
Casou, pariu
seis filhos, os criou, da mesma forma que sua mãe, os colocando em casa alheia
para trabalhar.
Só hoje
passados anos, já adulta, entendo, Joana, minha avo materna. Hoje já sem
ranços, sem raivas guardadas, entendo que ela inventou o mundo que pode. Hoje a
amo assim como ela em cada canequinha de carne com manjerona que me ensinou a
fazer. Como o pão caseiro, que nos deixava moldar bonecos. Cada vez que faço
pastel de carne, massa com galinha, todas suas receitas. As minhas não tem o
tempero e o sabor dos dela. Saudade Joana, descasa e fica com Deus.
Que linda recordação!!
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