sexta-feira, 18 de novembro de 2016



                                                     Um arco íris na minha janela

                                                                                     Magaly Andriotti Fernandes
                Tenho que dizer que esse ano de 2016 tem me possibilitado momentos com a natureza de puro êxtase. Ontem abri a janela ao entardecer e surpreendo-me com dois arcos íris, um bem nítido fazendo todo o contorno do globo terrestre, e o outro suave menos expressivo. Chocante, extasiante... sem palavras para descrever a sensação dessa visão. O rosa, o lilás, o verde, o amarelo, o azul claro, entre outras em contraste com o céu cinza com nuvem depois da chuva, cores intensas. Na segunda já o universo nos presenteou com a super lua. Moro no nono andar, e vejo o nascer da lua cheia mensalmente. Ela vem de trás dos montes, lenta, clara e luminosa. Adoro deixar as luzes apagadas, colocar um mantra, uma música suave e ficar ali recebendo aquela energia.
                Essa semana estou benta, lua e arco íris, a natureza é perfeita. Fico me perguntando como nasce o arco-íris? O que produz essas cores no espaço?  Ficamos tristes por tão pouco, esquecemos da riqueza que somos e representamos para o universo. A lua tem disso, tem faces, o arco íris aparece depois de uma chuva, e nós humanos? Nos humanos não podemos ficar só na contemplação. A contemplação tem que produzir em nós uma forma de ser em conexão.
                Outro dia vendo o mar bater na areia, numa praia paradisíaca, fiquei pensando, que beleza, que perfeição. E ao mesmo tempo pensei nesse mesmo mar, com ondas enorme, avançando na praia a dentro, nas pedras e se casas ali existem destruindo. Tem momentos que a natureza também muda o seu comportamento.  A chuva, mesmo que ontem caísse suave, refrescante, em alguns lugares pode levar a invasão de casas, enchentes.
                Nós e a natureza, essa alteração de humores, tristes e alegres, embelezando ou destruindo. Somos nós a semelhança da natureza? E nossa capacidade de falar, a linguagem que nos diferencia. A condição de únicos que sabemos que somos mortais? O que estamos fazendo com o nosso planeta?  Ao ser humano que tem o poder de leitura e compreensão desses fenômenos, porque não prepondera a construção, a ampliação?
                É dada a hora de eu, não o nós, eu partir para uma pratica transformadora. Como dize os sinais estão dados. As gralhas azuis, a cotia, o vento, o mar, a borboleta gigante dourada com azul no meu retiro do silencio, e agora aqui na minha janela, bem ao alcance dos meus olhos tanta beleza! É dada hora... Ir para o nos também é uma forma de fuga. Esperasse que os outros resolvam, mudem, transformem...e eu?

Porto Alegre, 17 novembro 2016.

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