Caminhos,
encontros: possibilidade de ir
Magaly Andriotti Fernandes
Conviver
em grupo é uma arte. Eu sempre me considerei uma pessoa antissocial. Não era
muito tolerante as diferenças. Penso logo digo.
Aos
poucos os amigos foram me mostrando que estar junto, para conversar, para
passear ou para simplesmente ficar em silencio era muito bom. Olhar um pôr do sol, tomar um chimarrão, ver
um filme, escutar uma música, declamar.
E
quando se pensa diferenças, não nos apercebemos que cada um é singular. Somos
todos diferentes, uns mais, outros menos. E como viver se não aceitamos a forma
especifica de cada um ser e estar no mundo?
Falar
do tema já é mais tranquilo e fácil, mas mudar extremamente difícil. No primeiro semestre do ano passei dias na
Itália, e fiquei chocada com o número de imigrantes vivendo naquele pais.
Alguns sem emprego, vagando pelas ruas, pedindo esmolas, morando nas ruas.
Outros foram por opção, conseguiram um lugar ao sol e se firmaram por lá.
Saindo do mercado, do metro, de restaurantes nos encontramos com pessoas, com
olhar triste e de fome. Nosso pais não é diferente, porem como nossos moradores
de rua vem de outras cidades, são nossos concidadãos não nos chocamos tanto,
banalizamos a miséria. Essa vivencia me
fez pensar o que nos faz ter medo do outro ser humano, não os queres
pertencentes a nossa nação, a nossa cidade?
E
no trabalho, na vida social, quantas pessoas, eu particularmente não tenho
simpatia. E se não tenho simpatia, não quero elas por perto. E com as que temos
simpatia e escolhemos para o nosso convívio, tem dias que também se tornam cansativas
e as queremos distantes. Somos dizem os sociólogos seres sociais, isso nos
distingue dos outros animais.
Conviver
exige que caminhemos por dentro de caminhos internos, descobrindo nossas
qualidades e defeitos. Conhecendo e reconhecendo limites e possibilidades.
Quanto mais acolhemos nossa sombra, maior a capacidade de convívio.
O
mundo, o planeta é parte de um todo imenso que é o universo. E nos humanos uma
partícula. Que movimentos são esses de expulsão e exclusão. Eu há muito tenho
procurado emitir energia de inclusão e aproximação. Em cada lugar da terra,
nascemos com determinadas singularidades de cor de pele, cor de olhos, cabelos,
com uma língua, uma cultura. Cada povo tem seus valores. Essa é a nossa
riqueza, somos todos humanos, mas muito singulares. Sou grata aos meus amigos
por me ensinarem a viver e conviver com nossas diferenças.
A
música, a literatura, a poesia, a pintura e tantas outras manifestações
artísticas e culturais são instrumentos de aproximação. Viajar implica em
desbravar, não só os aspectos geográficas de um lugar, mas os históricos,
culturais e econômicos. Vamos perdendo,
formas de ser e assimilando e aprendendo novas formas. O caminho nos
transforma, e nos transformamos o caminho.
Posso
caminhar sem sair do lugar, ou posso voar alto, eu escolho.
Porto Alegre 24
julho 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário