COMENTÁRIO DO FILME
MOTHER
Recebi duas recomendações para
assistir ao filme Mother do diretor Darren Aronofsky, e como tinha amado Cisne
Negro que ele também dirigiu procurei assistir.
Um filme tenso e intenso. Um casal,
um poeta tentando achar inspiração para seus escritos e uma esposa que tenta
restaurar a casa do amado que havia queimado. Recebem ao acaso a visita de dois
fãs, e a partir de ai, uma série de situações inesperadas. Um homicídio, na
briga entre irmãos pela herança do pai ainda vivo. (Caim e Abel?)
A esposa sentindo-se invadida, a relação
mulher e casa, um unidade, ela sente a casa, a casa a sente. Ele isolado em seu
mundo da escrita. Fim do filme me pergunto, o que teria feito o Diretor
produzir esse filme e encontrei essa fala:
—
Só queria fazer as pessoas se assustarem novamente. E trabalhar com algo que
nos tira a todos do sério: a possibilidade de nossa casa ser invadida. E como
as pessoas tratam nossa intimidade, nosso planeta, e as consequências disso
para todos nós. E, em cinco dias, fui do Paraíso ao Apocalipse com o mito da
mãe terra na cabeça — diz Aronofsky
O filme culmina com cenas de
canibalismo do recém-nascido, da queima da casa, e do renascimento. Um filme
que por momentos me produziu sono, pela falta de luz, se passa quase que
inteiramente na escuridão e no luz que fusque. E em outros momentos tensão. Ao
terminar o filme meus músculos todos contraídos.
Pensei uma nova vida, uma gestação
pode produzir muitos efeitos, tanto na mãe, quanto no bebe, quanto no pai,
quanto na sociedade. Essa relação mulher-casa, mulher-casa-gestação. Ela ali naquela
casa isolada, tentando agradar seu amado, sentindo solitária, isolada tanto
quanto a casa, duas em uma. Não mais duas agora três, um terceiro e seus
efeitos.
O som da agua no filme não é algo
relaxante, mas algo que faz preocupar-se, quem mais estaria ali? Vida e morte,
criatividade truncada.
Que
poesia é essa? Que não sai, que produz público?
O fogo, como elemento de destruição
e renovação. A casa se refazendo, tudo volta ao início.
Concluindo, achei um filme chato,
longo demais, assisti até o fim, pois tenho por habito não desistir, e me
deixar surpreender. O canibalismo do recém-nascido me fez pensar no que hoje se
tem feito com nossas crianças. No genocídio que existe no Brasil. E em quantas
crianças se vê morrer mundo afora no cotidiano da mídia. Me fez pensar nessa
vida de um casal e na representação do filho como um intruso. Nesse casal que o
homem não conseguia produzir, uma mulher que vive para ele, e um terceiro que
não é pensado por si só, mas como solução para algo não resolvido.
Diz que o Diretor pensou em algo bíblico,
seria o final do filme o apocalipse???
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