quinta-feira, 4 de janeiro de 2018


                                          Joaninhas no jardim

                                                                                                                                                Magaly Andriotti Fernandes


   Minha primeira infância passei próximo a  mata povoada por  grande diversidade de animais, insetos e plantas. Sempre fui observadora da natureza. E dentre os insetos, as joaninhas eram as minhas preferidas: vermelhas, petipoa, amarelas, pretas com bolinhas coloridas.

Ali pelos seis, sete ano procurava por elas e as observava. No ano seguinte já iniciei a captura-las e prende-las nas caixinhas e fósforos para saber como funcionavam. Tirava as asas internas para ver se mesmo assim voariam. Não voavam, e eu ficava triste, pois agora não tinham mais asas. Esperava para ver se nasciam. Não nasciam, e a maioria ou sumia ou morria. Penso que o cheiro da caixa de fosforo as matava.
Passado esse período só as contemplava, e o máximo deixava que pousassem em mim e esperava fazerem um percurso pelas minhas mãos e braços, ou as vezes nas roupa. Elas gostavam de roupas coloridas.
Descobri que as joaninhas hibernam no inverno, que elas são 5000 espécies, que existem por todo o mundo, em diversas cores. E o que mais me chamou atenção é que elas comem outros insetos. Pensei que comiam folhas. Comem pulgões, moscas pequenas de frutas, insetos menores que ela. Quando procriam, podem colocar até mil ovos.
Olhar para aquelas pequenas joaninhas, aquela intensidade de vermelho a se movimentarem, me fazia pensar em magia. O mundo é mesmo mundo magico. Até hoje a presença de uma delas me faz viajar no tempo.
Sempre que uma aparece e pousa sobre mim, penso que é sorte. E não precisa nada mais me ocorrer, só de ser por momentos pouso, espaço para que elas repousem, caminhem até seu novo destino fico grata.
Minhas netas e neto também gostam muito desse inseto. Eles ficaram horrorizados quando contei minha experiência de tirar as asas. Quando nasci não existia o google para pesquisa. A vida era concreta.
E os sapos que se alimentam de joaninhas, também estavam na minha lista de curiosidades. As libélulas, que pensei que alimentavam-se de pólen, comem as joaninhas. Elas são um prato cheio para outros animais maiores. A cor intensa, li sobre isso, serve para afugentar seus predadores.
Penso que esse convívio intenso com a natureza, nunca me fez ter vontade de ser vegetariana, sempre me senti uma carnívora, e me vejo na cadeia alimentar dessa forma.
A surpresa existiu, quando descobri os hábitos de vida desse belo inseto joaninha, não a imaginava comendo outros insetos, ela come. Eu a acho perfeita, linda, uma verdadeira obra de arte.
Porto Alegre, 4 janeiro 2018.


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