Joaninhas no jardim
Magaly Andriotti Fernandes
Ali pelos
seis, sete ano procurava por elas e as observava. No ano seguinte já iniciei a
captura-las e prende-las nas caixinhas e fósforos para saber como funcionavam.
Tirava as asas internas para ver se mesmo assim voariam. Não voavam, e eu
ficava triste, pois agora não tinham mais asas. Esperava para ver se nasciam.
Não nasciam, e a maioria ou sumia ou morria. Penso que o cheiro da caixa de
fosforo as matava.
Passado esse
período só as contemplava, e o máximo deixava que pousassem em mim e esperava
fazerem um percurso pelas minhas mãos e braços, ou as vezes nas roupa. Elas
gostavam de roupas coloridas.
Descobri que
as joaninhas hibernam no inverno, que elas são 5000 espécies, que existem por
todo o mundo, em diversas cores. E o que mais me chamou atenção é que elas
comem outros insetos. Pensei que comiam folhas. Comem pulgões, moscas pequenas
de frutas, insetos menores que ela. Quando procriam, podem colocar até mil
ovos.
Olhar para
aquelas pequenas joaninhas, aquela intensidade de vermelho a se movimentarem,
me fazia pensar em magia. O mundo é mesmo mundo magico. Até hoje a presença de
uma delas me faz viajar no tempo.
Sempre que uma aparece e pousa sobre mim, penso que é sorte. E não precisa nada mais me
ocorrer, só de ser por momentos pouso, espaço para que elas repousem, caminhem
até seu novo destino fico grata.
Minhas netas e
neto também gostam muito desse inseto. Eles ficaram horrorizados quando contei
minha experiência de tirar as asas. Quando nasci não existia o google para
pesquisa. A vida era concreta.
E os sapos que
se alimentam de joaninhas, também estavam na minha lista de curiosidades. As
libélulas, que pensei que alimentavam-se de pólen, comem as joaninhas. Elas são
um prato cheio para outros animais maiores. A cor intensa, li sobre isso, serve
para afugentar seus predadores.
Penso que esse
convívio intenso com a natureza, nunca me fez ter vontade de ser vegetariana,
sempre me senti uma carnívora, e me vejo na cadeia alimentar dessa forma.
A surpresa
existiu, quando descobri os hábitos de vida desse belo inseto joaninha, não a
imaginava comendo outros insetos, ela come. Eu a acho perfeita, linda, uma
verdadeira obra de arte.
Porto Alegre,
4 janeiro 2018.
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