quinta-feira, 9 de março de 2017

Comentário critico: livros lidos em 2017

BARBA ENSOPADA DE SANGUE , Daniel Galera, Ed. Companhia das Letras,2012


Meu sobrinho me emprestou esse livro para ler na praia. Estava indo para Pinheira e ele me falou que a drama se passava em Garopaba, praia que nos gaúchos apreciamos muito. Não fosse o empréstimo, pelo titulo nunca teria comprado o livro. Depois de lido, fica claro que a barba e o elo entre ele e seu avô paterno, a barba e o resgate de sua identidade, e o fechamento da peça do quebra cabeças de sua historia pessoa em busca da ancestralidade.
Trata-se de um romance que depois de iniciado é difícil parar. O autor vai levando o leitor pela vida da comunidade daquele município catarinense, através do relato da vida de um professor de educação física, que se muda para lá em busca de desvendar os mistérios da morte de seu avô. Seu pai o chamou para uma conversa, e nela revelou que iria se matar, e contou também a história do avo, que teria sido morto num baila na cidade de Garopaba. O avô era um homem briguento, que não levava ninguém para compadre como se diz aqui no sul. Qualquer discussão puxava da adaga.
Seu pai lhe deixou a cachorra já velha, mas com a missão de sacrifica-la. Ele não conseguiu fazer isso e adotou-a, e ela e ele. Logo consegue um apto na beira do mar, próximo aos pescadores, e um emprego em uma academia.
As pessoas achavam muito suspeito seu jeito de ser, pois deixou a barba crescer, e ia perguntando pelo Gauderio, codinome de seu avô.  A senhora que lhe alugava o apartamento lhe aconselhou a não fazer isso. Deu-lhe o nome da namorada do avo, pois essa seria a única pessoa que lhe podia dizer algo.
A forma de contar, de narrar os fatos, ele vai entrando com romances, que nos fazem conhecer um pouco mais da personalidade do personagem principal. Ele sofre de um mal neurológico que dificulta o reconhecimento dos rostos das pessoas. Porem ele achou um jeito de lidar com tal problema, quando conhece alguém novo busca algo que lhe faz lembrar da pessoa, cheiro, marcar, gestos.
O livro é narrado de tal forma que ao final sente-se falta do personagens, de suas histórias e aventuras.
Permeia o relato a história da pesca e dos pescadores, a influência da industrialização ali na vida daquele povoado. A invasão dos turistas e a não preservação da mata.
Um livro encantador, envolvente, num português de fácil leitura, com personagens excêntricos, bem delineados. Outros corriqueiros mas que servem para mostrar o inverno na praia, a falta de perspectiva, e a mudança que ser processou e se processa no litoral catarinense.
Porto Alegre, 09 março 2017
MAGALY ANDRIOTTI FERNANDES

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