terça-feira, 7 de março de 2017




                       O MAR

                                                                                                 Magaly Andriotti Fernandes
                                        Plagiando o poeta, o mar quando bate na praia,é bonito, é bonito e  a mim provoca suspiros, olhares e encantamento. Posso ficar ali horas intacta, estática só olhando. Assim como os pacientes catatônicos que no meu estagio de psicopatologia me impressionavam. Quem sabe eles ficam la fixos em algo, que só eles vêm.Ou como um lagarto que fica horas paralisado ao sol, lagarteando como dizem.
                                        Digo intacta, mas caso o mar resolva não apenas rebentar na areia, mas avançar, e com certeza me pegara desprevenida, despreparada e surpreendida, terei então que mover-me. Conforme a mare, ele sobe mais ou menos. Conforme a luminosidade do dia, ele fica mais transparente ou mais turvo.  Conforme a estação do ano, mais quente ou mais frio. Tudo isso sei porque alem de olhar adoro ficar submersa, nadando, boiando, mergulhando em suas águas suaves , aveludadas. Quando a onda passa e como se nos acariciasse. Esse conceito ouvi de um menininho na beira da praia enquanto brincava com a areia. Ele dize as águas são como veludo, macias.
                                        Tem uma musica que sempre me vem a cabeça enquanto estou ali, parada..."beira do mar, lugar comum, começo do caminhar para dentro de outro lugar, para dentro do fundo azul...". Saber que do outro lado existe outro continente, outros povos, outras terras. Um só planeta, vários oceanos, ecoa a pergunta infantil, como ele não transborda, como ele simplesmente vai e vem. Quando olho de cima, do avião a pergunta persiste. Quando aprendi que a terra é redonda deu  um nó nos meus pensamentos, como pode... sim eu sei a gravidade produz esse efeito, mas é um conceito estático, não dinâmico para o meu cérebro, não esta integrado, quem sabe coisa de gente assim meio doida.
                                         Eu e o mar, lugar onde muito namorei, onde meus filhos foram fecundados. Lugar onde choro quando estou muito triste, onde me alegro, onde me reenergizo. Lugar onde tenho muito medo, um medo ancestral quando mergulho, ou quando fico mais no fundo. Medo esse que me impede de mais me aventurar nas profundezas do mar. O máximo que consegui foi fazer um mergulho de prancha, puxada por uma lancha, olhando com o "snokel" os peixes ,que passavam. Quando vislumbrei uma tartaruga gigante, quis logo ser retirada do mar, mesmo sabendo que a tartaruga dava nem ai para mim, e nada de mal poderia me acontecer. 
                                        Em noites de lua cheia ficar ali na beira observando os pescadores, ou apenas o reflexo da lua no mar e ouvindo as ondas, êxtase total.
                                        Um dia ainda vou morar na beira do mar.
Porto Alegre, 07 março 2017

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