Escrever é uma paixao, agora colocando em pratica, ou melhor agora tornando publica. Venho escrevendo e guardando para mim mesma. E dada hora de compartilhar e trocar.
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
2016
Magaly Andriotti Fernandes
“Quem olha pra fora sonha, quem
olha para dentro, acorda.”
Esse ano foi
para mim um tempo de reflexão e descobertas. Estar aposentada da minha atividade
profissional principal é uma novidade, mesmo já estando no segundo ano nessa
condição.
Antes de 2014,
data que encerrei minha atividade como psicóloga jurídica, psicóloga no
contexto penal, vinha me dedicando ao autoconhecimento. Pensando a que me
dedicaria, o que queria fazer, o que busco, qual o sentido da vida, depois da
aposentadoria.
Ingressei num
grupo de mulheres que trabalham o sagrado do feminino. Ai dois desafios,
trabalhar em grupo de mulheres, e o percurso rumo ao eu mulher, ao feminino, e
aqueles valores deixados de lado pela modernidade. Espaço que tem sido muito importante para o
aprofundamento do meu eu.
Busquei a música,
na forma de canto, e de audição. O canto deixei para mais tarde o projeto de
ingressar em um coral. Ouvir música passou a ser meu cotidiano. A música nos
eleva, nos tranquiliza, nos relaxa. Tem músicas que agitam, que nos tornam
agressivos, mas optei pelas demais. Agitada e agressiva, dois predicados que
venho buscando eliminar.
O tear, esse
era um sonho antigo, agora realizado. Viajar pelas tramas dos fios, criar
peças, saias, mantas, tapetes, cachecóis, almofadas, panos e por ai afora. As
aulas eram um espaço de partilha e trocas com outras pessoas. A textura dos fios, as cores, a possibilidade
de criação. Pensar nossas roupas de diferente forma. Hoje os tecidos sintéticos,
roupas descartáveis. Para se produzir um
fio de algodão ou outro material, tece-lo, costurar, colar...até a peça final
uhuuuuuu. Uma peça produzida por nos tem um gosto e um sabor diferenciado. Você deve estar pensando essa escritora e
doida, desde quando roupa tem gosto e sabor??? Tem sim pois quando se desperta
os sentidos à criatividade o prazer despertado pela criatura pronta ali…e infindável.
A oficina de
escrita, poder ler de forma orientada, ter um grupo com quem trocar e aprender.
Ter uma escritora ali para te ir sinalizando o caminho, foi uma das melhores
escolhas que fiz. A cada semana, novo texto para ler e comentar, outro para
escrever, fazer as revisões, um universo que se abre. O grupo composto por
pessoas de diferentes formações, com ideias e estilos diferentes, num diálogo
permanente, se permitindo ouvir e receber críticas, elogios, sugestões.
Escrever é muito bom e requer soltar a imaginação, requer retomar a gramatica
de sua própria língua, um caminho sem fim.
A atividade física,
a zumba particularmente. Sim esse ano me propus além de cantar, que deixei para
o próximo, dançar, que também ficou no meio do caminho. Amei dançar. A zumba
não só e divertida como estava me ajudando no emagrecimento. No momento de escolhas, terminei deixando
pelo caminho. O caminhar que foi feito de forma assistemática, a dança circular
que ficou pontual.
Bordar nesse
ano de 2016, se mostrou com uma perspectiva. Associei a escrever livros, e fiz
o livro para minha neta caçula: A menina e o cavalo rosa. O cavalo rosa é um
personagem que ela mesmo inventou e que eu dei asas. Com o livro fiz uma boneca
de pano e um cavalo com crinas rosas. Com os personagens é possível que o
leitor crie suas próprias histórias.
Antes desse
escrevi e desenhei: A cobra-cão. Um livro infantil dedicado as
minhas duas netas. Ele nasceu depois que fiz em pano, uma cobra de cinco
metros, para elas brincarem. A cobra hoje serve da almofada para o espaço de
leitura das duas. A cobra-cão e uma cobra que sonha em ser cão de guarda das
meninas. Ela nasce do coração.
Criei dois
blogs, um para postar meus escritos, outros para postar meus artesanatos. Pois
sim além do tear, o tricô, o crochê, o papel marche fazem parte da minha
construção de vida. E bom ver o resultado, ler os comentários, retomar projetos
depois da interação com os outros.
E sim um ano
que me dediquei mais do que nunca a mim. Aos meus netos, aos filhos e noras e
aos amigos. Um ano que busquei retomar laços familiares deixados pelos caminho.
Revi primas, primos, tia iniciamos um resgate de encontros ensinados pelo avô
materno. Exercitei a arte de ficar longe e de estar presente. Parece loucura não? Sempre fui muito grudada com minha família de
origem mãe, pai, irmão avos. Esse ano fiquei um pouco distante deles. Depois
que vieram os filhos, grudei neles. Aprendi que o convívio é bom, mas tem os
seus limites. Que a vida existe para além
das relações familiares.
Com os amigos
tive momentos maravilhosos, e outros definidores. Ser amigo e também partir, e
despedir-se, e não aceitar o que não tem a ver com os teus princípios éticos.
Conheci lugares surpreendentes. Viajar e
uma das ações que estão no topo das minhas escolhas. Uruguai, Argentina, Florianópolis,
Arroio do Sal, Praia Grande, Campo Grande etc.
Sinto e
repercute em mim, as mudanças políticas que estão se dando na minha cidade,
Estado, pais e no mundo, porem tenho procurado não deixar me levar por essa
energia. As mudanças só se darão quando cada um de nós mudar. Um clichê: quando
eu mudo o mundo muda. Muda mesmo. Eu estou mudando e você?
Sou muito grata
a Deus por esse ano de encontros e desencontros, um ano de aberturas, de
possibilidades e de muita criatividade. Que me venha 2017, cheio de amor...
domingo, 11 de dezembro de 2016
A MENINA E O CAVALO ROSA
Magaly Andriotti Fernandes e Liz Fatima Brustolin dos Santos
Minha neta caçula, hoje com três anos, inventou um personagem: o cavalo rosa. Sempre que a visito ou ela a mim, falamos sobre ele e suas aventuras. Pensando nisso resolvi bordar um livro com a menina e o cavalo rosa. E ai está.Belo dia a menina dormindo sonhou que tinha um cavalo. Não era um cavalo qualquer, era todinho rosa, e ele adorava passear pelo mundo. Ela subia nele e juntos foram iam a diversos lugares.
O cavalo rosa adora descansar próximo a casa da menina. Beber água no lago que ali se forma límpido.E comer daquele pasto delicioso cultivado pela menina e sua família.
Ela mora próximo aos Canyon e juntos sobem ao topo para observar a natureza e ouvir os pássaros.
Os dias de sol sempre os une para suas aventuras. Os de chuva também.
O cavalo tem uma família.É filho único.e o papai e a mamãe são também rosas e correm soltos pelos campos e montanhas da região.
Já a família da menina é maior, ela tem uma irmã seis anos mais velha. Os pais trabalham com comunicação e também construíram uma vida onde a liberdade prepondera. Todas amam nadar no Riozinho próximo.
A menina ama as flores e o campo .Ela e sua irmã tem um pula pula, onde divertem-se muito.
Com o livro pensei que era importante ela ter o cavalo rosa e a menina, para que as aventuras corressem soltas.
Vejo um flamboyant da
minha janela
Magaly Andriotti
Fernandes
É dezembro e quando saio na janela
vejo três flamboyants floridos. Tapetes de vermelho. Moro na capital do Rio
Grande do Sul e nesse período ainda é primavera, já quase verão. É uma vista
multicolorida, tem épocas do ano que os ipês amarelos e os lilases delimitam o
colorido.
Moro nesse apartamento desde os meus
21 anos, nele construí meu ninho, eduquei meus filhos, vivi um grande amor
Quando olho para rua vejo além de arvores o estuário do Guaíba, parte pequena, mas
o vejo lembro das juras de amor que faladas e vividas.
Nesse momento em que a cidade se
veste de luzes, e o vermelho na decoração de Natal e uma constante, olhar os
flamboyants floridos faz o coração bater mais rápido, faz pulsar as juras de
amor faladas e vividas e a boa saudade brota.
A natureza é muito mágica, quantas
flores são necessárias para dar a intensidade da cor? Para que todos os galhos
fiquem igualmente coloridos, para que o tom especifico do vermelho fique assim
tão homogêneo, e de tanto em tanto, pequenos pontos amarelos do miolo da flor
fiquem nítidos aqui numa distância que posso ver do nono andar.
Minha mãe amava essa arvore, depois
da figueira era sua preferida. Penso que com ela aprendi a observar a natureza.
Quando fico triste, preocupada, desassossegada, caminhar pelas ruas do bairro,
abraçar as arvores, ou simplesmente achar uma sombra e ali ficar por momentos,
me organiza e me alegra.
Flamboyants na janela, sou mesmo uma
pessoa privilegiada. O amor está no ar, preciso apenas abrir a porta.
Porto Alegre
11/12/2016
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