quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

                                             PIANO E O VIOLÃO


Hoje assisti a um espetáculo musical no Multipalco que chama Évora; um violonista e um pianista.  Para mim dois desconhecidos, mas só a possibilidade de no meio do dia, parar e ficar escutando piano e violão, me fez ir até lá.
Na outra semana já o pianista tinha me feito pensar em como é possível, tocar, cantar e movimentar-se ao mesmo tempo. E fazer tudo isso de uma forma harmônica.
No espetáculo de hoje o violonista, falava com o rosto. A música o possuía de tal forma, que seu rosto ia se transformando. Numa das músicas pensei que ele chorava. As pessoas que me acompanharam não observaram isso.
Fiquei me perguntando como a música se faz? Como harmonizar piano e violão numa única canção. E os dois ali se olhavam e tocavam numa sincronicidade legitima.
A músicas assim como os músicos eram por mim desconhecidas. O compositor sim, Tom Jobim.  Melodias que me fizeram pensar em palavras, palavras que não nomeei. Qual seria a letra dessas canções? Elas tem letras? Ou apenas arranjos? Não entendo nada de música.  Nos últimos anos tenho me aproximado mais desse mundo. Ouvindo, tentando cantar, indo a espetáculos músicas, e ficando por horas em casa escutando cantores diversos.
Observo que quando me deixo levar pela música, meu corpo vai junto e danço. Não tenho muito ritmo, mas me entrego e vou. Na minha cabeça estou no ritmo da música. Talvez quem em olhe não concorde. Agora eu penso que a música produz efeitos em mim que são singulares. Quero aprender a dançar.

E voltando aos músicos e suas expressões musicais e corporais. O do piano precisava olhar as partituras, o do violão tinha as músicas na cabeça. E entre os dois um verdadeiro dialogo.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018


                                        A descoberta do vidro


Sempre fui apaixonada por vidro. Sempre achei algo mágico. E o que,me surpreendi ao  conhecer uma vidraria foi  o processo de como é feito. Nunca  me interrogara, como ele surgiu na humanidade. Parecia que o vidro sempre tinha estado ali, simples assim. 
A pessoa, que nos recebeu ,foi nos contando as diversas teorias, e a que ela, depois que iniciou o trabalho ali, achava mais plausível.
Os primeiros vidros observados foram os produzidos pelos raios na areia da praia. E ao observa-los os povos antigos iniciaram o processo de tentar reproduzir esse feito da natureza.
Ele era muito raro e ganhou proporções de sagrado, até chegar aos nossos dias, em nossas janelas em formado plano, nas garrafas, lustres, e tantas outras utilidades.
Ficar lá observando aquele forno em alta temperatura, os vidreiros numa ação cadenciada, retirando a massa que será moldada, e o produto final, lustres em forma de flor. O vidro sai encandecende na cor vermelha e se molda. Pura magia.
E os vidreiros vão criando anjos, flores, animais, lustres. E ainda outra descoberta, o vidro pode ser soprado, para  resultar em garrafas, vasos e taças.
Na Itália  não consegui visitar Murano, ilha onde a história do vidro ainda hoje é significativa. Existem lá museus dedicados a arte de transformação do vidro em peças de utilização domesticas ou decoração. Aqui bem próximo a Porto Alegre, na cidade de Garibaldi a Vidraria Madelustre, comprou fornos daquele pais e reproduz esse conhecimento.
Imaginem que só no seculo VI  o vidro plano tornou-se realidade.Por muitos séculos a industria do vidro era sinonimo de segredos.
Visitar a Madelustre, para mim ,foi resgatara pesquisadora que estava dormindo no meu interior. Viva o vidro!


sábado, 6 de janeiro de 2018

                          COMENTÁRIO DO FILME MOTHER

            Recebi duas recomendações para assistir ao filme Mother do diretor Darren Aronofsky, e como tinha amado Cisne Negro que ele também dirigiu procurei assistir.
            Um filme tenso e intenso. Um casal, um poeta tentando achar inspiração para seus escritos e uma esposa que tenta restaurar a casa do amado que havia queimado. Recebem ao acaso a visita de dois fãs, e a partir de ai, uma série de situações inesperadas. Um homicídio, na briga entre irmãos pela herança do pai ainda vivo. (Caim e Abel?)
            A esposa sentindo-se invadida, a relação mulher e casa, um unidade, ela sente a casa, a casa a sente. Ele isolado em seu mundo da escrita. Fim do filme me pergunto, o que teria feito o Diretor produzir esse filme e encontrei essa fala:
— Só queria fazer as pessoas se assustarem novamente. E trabalhar com algo que nos tira a todos do sério: a possibilidade de nossa casa ser invadida. E como as pessoas tratam nossa intimidade, nosso planeta, e as consequências disso para todos nós. E, em cinco dias, fui do Paraíso ao Apocalipse com o mito da mãe terra na cabeça — diz Aronofsky
            O filme culmina com cenas de canibalismo do recém-nascido, da queima da casa, e do renascimento. Um filme que por momentos me produziu sono, pela falta de luz, se passa quase que inteiramente na escuridão e no luz que fusque. E em outros momentos tensão. Ao terminar o filme meus músculos todos contraídos.
            Pensei uma nova vida, uma gestação pode produzir muitos efeitos, tanto na mãe, quanto no bebe, quanto no pai, quanto na sociedade. Essa relação mulher-casa, mulher-casa-gestação. Ela ali naquela casa isolada, tentando agradar seu amado, sentindo solitária, isolada tanto quanto a casa, duas em uma. Não mais duas agora três, um terceiro e seus efeitos.
            O som da agua no filme não é algo relaxante, mas algo que faz preocupar-se, quem mais estaria ali? Vida e morte, criatividade truncada.
Que poesia é essa? Que não sai, que produz público?
            O fogo, como elemento de destruição e renovação. A casa se refazendo, tudo volta ao início.
            Concluindo, achei um filme chato, longo demais, assisti até o fim, pois tenho por habito não desistir, e me deixar surpreender. O canibalismo do recém-nascido me fez pensar no que hoje se tem feito com nossas crianças. No genocídio que existe no Brasil. E em quantas crianças se vê morrer mundo afora no cotidiano da mídia. Me fez pensar nessa vida de um casal e na representação do filho como um intruso. Nesse casal que o homem não conseguia produzir, uma mulher que vive para ele, e um terceiro que não é pensado por si só, mas como solução para algo não resolvido.
            Diz que o Diretor pensou em algo bíblico, seria o final do filme o apocalipse???
         



quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

RISCO E RABISCO:                                           Joaninha...

RISCO E RABISCO:                                           Joaninha...:                                           Joaninhas no jardim                                                                           ...

                                          Joaninhas no jardim

                                                                                                                                                Magaly Andriotti Fernandes


   Minha primeira infância passei próximo a  mata povoada por  grande diversidade de animais, insetos e plantas. Sempre fui observadora da natureza. E dentre os insetos, as joaninhas eram as minhas preferidas: vermelhas, petipoa, amarelas, pretas com bolinhas coloridas.

Ali pelos seis, sete ano procurava por elas e as observava. No ano seguinte já iniciei a captura-las e prende-las nas caixinhas e fósforos para saber como funcionavam. Tirava as asas internas para ver se mesmo assim voariam. Não voavam, e eu ficava triste, pois agora não tinham mais asas. Esperava para ver se nasciam. Não nasciam, e a maioria ou sumia ou morria. Penso que o cheiro da caixa de fosforo as matava.
Passado esse período só as contemplava, e o máximo deixava que pousassem em mim e esperava fazerem um percurso pelas minhas mãos e braços, ou as vezes nas roupa. Elas gostavam de roupas coloridas.
Descobri que as joaninhas hibernam no inverno, que elas são 5000 espécies, que existem por todo o mundo, em diversas cores. E o que mais me chamou atenção é que elas comem outros insetos. Pensei que comiam folhas. Comem pulgões, moscas pequenas de frutas, insetos menores que ela. Quando procriam, podem colocar até mil ovos.
Olhar para aquelas pequenas joaninhas, aquela intensidade de vermelho a se movimentarem, me fazia pensar em magia. O mundo é mesmo mundo magico. Até hoje a presença de uma delas me faz viajar no tempo.
Sempre que uma aparece e pousa sobre mim, penso que é sorte. E não precisa nada mais me ocorrer, só de ser por momentos pouso, espaço para que elas repousem, caminhem até seu novo destino fico grata.
Minhas netas e neto também gostam muito desse inseto. Eles ficaram horrorizados quando contei minha experiência de tirar as asas. Quando nasci não existia o google para pesquisa. A vida era concreta.
E os sapos que se alimentam de joaninhas, também estavam na minha lista de curiosidades. As libélulas, que pensei que alimentavam-se de pólen, comem as joaninhas. Elas são um prato cheio para outros animais maiores. A cor intensa, li sobre isso, serve para afugentar seus predadores.
Penso que esse convívio intenso com a natureza, nunca me fez ter vontade de ser vegetariana, sempre me senti uma carnívora, e me vejo na cadeia alimentar dessa forma.
A surpresa existiu, quando descobri os hábitos de vida desse belo inseto joaninha, não a imaginava comendo outros insetos, ela come. Eu a acho perfeita, linda, uma verdadeira obra de arte.
Porto Alegre, 4 janeiro 2018.


Histórias que Pintam:  "As cinco direções de um corpo" é o novo livro e...

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