segunda-feira, 31 de outubro de 2016



                                  Rolinha roxa

                                                                Magaly Andriotti Fernandes

                       Observar pássaros se tornou um habito na vida adulta. Na infância, corria atrás, tentava pega-los. Meu pai tinha um viveiro que cabia a mim alimentar. Um dia resolvi solta-los. Meu pai ficou muito chateado, tinha ali pássaros raros, e gostava de ficar escutando.
                        Com os anos de trabalho não tive muito tempo para dedicar-me a esse “hobby”. Agora aposentada, viajando muito tenho conseguido fotografar, ficar observando o modus vivendi de alguns pássaros.
                        Em outubro no Rio de Janeiro, na Estrada Velha da Tijuca, que fica lindeira da Floresta da Tijuca, fiquei por bons quatorze dias observando uma rolinha roxa no ninho. Ela fez seu ninho no arbusto bem frente à janela do apto onde me hospedara. Fotografei por vários momentos. O papai pombo indo e vindo com o alimento. Ela desassossegada, virando de um lado para o outro.
                      Um beija-flor que também adorava aquela arvore, vinha para buscar o néctar das flores laranjas e amarelas, assustava a rolinha.  Eu imagina um diálogo entre as duas- o que você está querendo beija flor?  Eu, nada!  estou apenas me alimentando, além do néctar só como pequenos insetos. Fique tranquila. Podemos conversar um pouco se quiseres. Assim o tempo passa mais rápido. – Não agradeço, prefiro ficar aqui concentrada, o vento está forte, e preciso cuidar dos meus ovos.
                Uma borboleta preta e amarela relativamente grande também voava por ali. Voava quieta, pousava na flor por instantes e logo partia. E a mamãe rolinha se agitava.
                Ali pelas seis da manhã, um pássaro que não identifiquei cantava, um canto lindo. Não é um canto que eu já tenha escutado. Ele ficava na floresta não permitindo que fosse visto.
                Os saguis, vinham cedo para o telhado da vizinha buscar as bananas que ela ali deixava. Sorrateiros, ágeis, pulavam de galho em galho, se equilibravam no muro, pegavam o alimento e saiam na mesma rapidez.
                No dia que ia embora, pela manhã, para minha surpresa, constato que os dois pombinhos haviam saído do ovo. Papai pombo vem a mamãe sai a voar e ele alimenta os filhotes. Minha máquina não tem um bom zoom, não consegui registrar momento tão intenso. Ora um, ora outro o pai alimenta. São apenas dois filhotinhos.
                Pedi que minha amiga continuasse a observa-los e se pudesse registrar quando eles iniciassem a voar.
                Ali, naquela cidade maravilhosa, como é conhecida, com tantos lugares lindos para se descobrir, com tão pouco espaço para moradia, superpopuloso, ainda tem espaço para os pássaros e outros animais silvestres.
                A pombinha rola, ali com seus filhotes, com sua família constituída, em plena primavera, nos faz sentir-nos em paz imersos nesse universo que tanto nos instiga.

domingo, 30 de outubro de 2016

RISCO E RABISCO: E O BURACO FOI FECHADO…. E O VOTOANULADO          ...

RISCO E RABISCO: E O BURACO FOI FECHADO…. E O VOTOANULADO          ...: E O BURACO FOI FECHADO…. E O VOTO ANULADO                                                                                        MAGA...

E O BURACO FOI FECHADO…. E O VOTO ANULADO

                                                                                      MAGALY ANDRIOTTI FERNANDES


Pasmem, depois de uns seis meses, o buraco da minha rua foi fechado. Indo exercer o direito de votar constato que o buraco finalmente não está mais ali. Não sei precisar a data que isso ocorreu, pois nesse semestre ando viajando muito e não caminho por essa parte da calçada.
Fico pensando logo hoje que tenho que ir escolher entre o péssimo e o menos ruim, o buraco está fechado. Será que o prefeito atual pensando em votos para sua coligação tomou tento? Será que o vizinho que mora em frente ao buraco, não mais suportando o fatídico o consertou?
Eu, hoje também fiz algo que nos 49 anos como eleitora nunca tinha feito, anulei meu voto. Sim muitos pensam que anular e igual a deixar em branco ou não votar. Não, anular e dizer para o prefeito que for escolhido, se algum for, que não o aprovo, que não estou com ele, que não concordo com a política atual. Todos os cidadãos poderiam optar por anular e teria que ser refeita a eleição. Eu tenho o direito e o dever de me manifestar. Não suporto mais os desmandos da política, não suporto mais ser roupada cotidianamente. Não suporto mais ver minha cidade que era um exemplo, ter seu povo caminhando e morando na rua e nas paradas de ônibus, as escolas sem conservação, os servidores mal pagos, os hospitais, os mesmos desde que me conheço por gente, negligenciados. E por ai vai o levantamento do que não funciona na minha cidade. Quero uma cidade nova, quero poder andar por ela e novamente me orgulhar de aqui ter nascido, por isso exerço o direito de anular o voto.  O voto em branco deixa em uma interrogação, não se sabe se não consegui resolver a dúvida entre um o outro, se só vim as urnas para não ficar sem pagamento, em caso de servidor público, e ai uma série de outros aspectos escondidos no voto em branco. Não vir votar também pode ser um ato de protesto, mas como esse direito foi conquistado a duras custar, não vou entregar ele assim de bandeja para esse grupo organizado, essa facção que está no poder. Anulando meu voto, mostro que moro aqui, que existo, que tenho acompanhando o que o prefeito fez, ou fara durante o seu desempenho funcional. Caso algum prefeito se eleja, ele terá que saber o número de pessoas que votaram nele, e o número de pessoas que anularam, que eu penso não serão poucas, e isso deve fazer a diferença. Ele se consciência e ética tiver terá que exercer o seu mandato pisando num pé só como diria meu avó.
Estou feliz mesmo assim, o buraco foi fechado, as pessoas podem caminhar tranquilos sem o risco de cair, e eu fiz o que a atual conjuntura política desse pais me pressionou a fazer, anulei o meu voto.


quinta-feira, 27 de outubro de 2016


A cidade desnudada

                                                           Magaly Andriotti Fernandes









Viajar é sempre bom. Mesmo quando se retorna a  uma cidade já conhecida. Conhecida? escrevo e fico pensando, como se conhece uma cidade,? Conheço mesmo o Rio de Janeiro? Vim aqui pela primeira vez nos meus quinze anos, eu e mais três amigas. Elas já  faziam férias no Rio com os pais. Para mim foi um encantamento só, nunca tinha viajado sem meus pais.  Nós quatro caminhando por aquelas ruas a beira mar, pelas ruas do bairro Laranjeiras, muito arborizadas, pelo Flamengo, Botafogo. Ficar ali olhando os barcos, nas trilhas da Urca. Subindo ao Cristo Redentor , no bondinho do Pão de Açúcar, andando de bicicleta pela ilha de Paquetá. tomando banho nas praias oceânicas… e levando aquele caldo nas ondas de Copacabana. Tempo de muita fala, risos, encontros. Nossa amiga do ginásio com a qual devíamos encontrar e não conseguimos não nos perdoa ate hoje. Todas jovens, queríamos fazer tudo, a ansiedade era muita. Éramos muito perdidas,desbravando aquela cidade maravilhosa juntas, com muitos medos, receios  que foram  ali vencidos.
Madrugar no Mosteiro de São Bento e ouvir os cantos gregorianos, fazer a visita guiada no Teatro municipal , ficar imaginando uma opera ali realizada, outras apresentações. As igrejas são muitas, de Santa Rita, Santo Antonio, São Sebastião .. As igrejas conheci, uma mais linda que a outra, de épocas históricas diferentes de construção.Os Museus então, do Mar, do Amanhã, Histórico Nacional...A cada dia, novos acervos, o cuidado a atenção dos servidores com os visitantes.
Nessa última viagem me senti fora do país. O Centro do Rio preservou os prédios antigos, muito arborizado, e ampliou com um transporte ágil e que preserva o meio ambiente. Tudo muito futurista. Já amava essa cidade agora meu coração bate descompassado
.A comida carioca, essa nos faz sair sambando. Um chá da tarde na Colombo, ou um almoço ao som do piano.  Os bares de Ipanema, Leme, de Copacabana...etc.
Os cinemas, o Odeon, o mais antigo do país, ate mesmo os de shopping aqui são charmosos. As livrarias, a Travessa com os seus cafés, os sebos.Os amigos e amigas, o carinho de estar com eles é sempre uma festa. Ainda não fui a Marquês de Sapucaí, mas sonho em ali desfilar em uma escola de samba. Minha amiga já foi e virou estrela.
Na Lapa quase sempre que venho uma noite passo por la. No Rio não se fica sem dançar, sem tomar chopp, sem um bom vinho.
As praças, a floresta da Tijuca...são muitos lugares para ir se apreendendo essa cidade dita maravilhosa.No Estado do Rio de Janeiro já fui a Búzios, Cabo Frio, Petrópolis, Teresópolis, e amei tudo. Paraty, caminhar pelas ruas antigas.Enfim descobri que não conheço  essa cidade, mas cada vez que retorno gosto mais ainda dela. Conhece-la implica em deixar-se perde, esvair-se nas ruas, no povo e na cultura.

Histórias que Pintam:  "As cinco direções de um corpo" é o novo livro e...

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