As corujinhas na praia
Na férias escolares viajo com meus dois netos mais velhos.
Este ano a caçula veio conosco. Alugamos uma casa em frente ao mar.
Na primeira manhã, ainda sonolenta,
escuto Vivi dizer:- vô a Liz não está na cama. Abrindo os olhos, preguiçosa, penso. Como
assim não está na cama? Levanto rápido vou olhar e a pequenina não está mesmo
lá. Olho na cozinha nada, no outro quarto nada. Sinto um arrepio na coluna, a
porta da casa está aberta. Onde andara essa pequenina.
Saímos os três esbaforidos, no pátio,
nada da pequerrucha. O portão aberto, ai meu Deus! Fico aflita, saímos, todos
juntos. E logo no terreno ao lado lá no fundo, no meio de muitos” pius”,
escutamos uma vozinha: - Oh vó, olha aqui as corujinhas. E lá estava ela, sem
nem se importar com o alvoroço que faziam os pais corujas. Quietinha,
observando, as vezes uma das mãos fazendo a tentativa de pegar uma das menores.
Meu coração tranquiliza, e aproveitamos para ficar ali. Guga foi logo
explicando: - gurias ela é a coruja buraqueira, ela come ratos e vive durante o
dia. Ela gosta de ficar num pé só. E as
primas, curiosas, olharam novamente para a família coruja. Ele adora ciências e
adora ler sobre os animais. Elas também amam história e amam os animais.
Voltamos para casa e para o café da
manhã. Corto mamão, esquento o leite, aqueço o pão, faço ovo mexido enquanto
eles vão colocando as roupas de praia. A Liz conta que o cavalo rosa, gosta de
corujinhas. Que ela ainda não tem um mas vai ganhar o cavalo rosa da outra vó
dela. Que ele tem as grinas rosas também.
A Vivi conta que na casa delas
também tem corujas, mas nunca viram o ninho, que são grande, as vê mais a
noite, as vezes fica com um pouco de medo. Guga fala que elas não precisa ter
medo das corujas, elas não são predadoras de humanos, só atacam se sentem
ameaçadas. A Vivi diz que sabe que elas são símbolos de sabedoria, mas o piado
delas que a assusta. E quase todos os dias aparecem tucanos, lindos pássaros,
como moram numa agrofloresta existem muitos pássaros por lá. E a conversa vai
longe rumo ao mar.
Saímos para a praia: cadeiras, água,
frutas, pás e outros brinquedos. O sol
bem quente, o som do mar, a areia e o ruído das crianças aproxima a coruja dos
cômoros. Guga e Vivi constroem uma
cidade na areia. A Liz tem a missão de ir buscar água no baldinho. Vai e vem,
grita: a coruja, olhem a coruja. E todos ao mesmo tempo nós viramos para ver
que a coruja. Ela impávida no topo do cactos a nos observar.
Ela fica ali a manha toda, só voa
quando nos aproximamos na hora do retorno. Uma passada rápida no ninho das
corujas.
Banho, o almoço, na panela milhos
quentinhos que já havia deixado a nos aguardar. O mar abre o apetite, e as
crianças já chegam famintas.
O primeiro que fica pronto do banho
já inicia a colocar a mesa, a virar o peixe na farinha, a lavar as alfaces. Numa ação cadenciada, com risos, piadas, e
muita fala nosso almoço é uma festa.
Guga o contador de piadas já estava
lá: Vou contar uma piada do Joãozinho na aula – A professora perguntou?
Joaozinho para que servem as ovelhas? Ele respondeu para dar lãs professora, e
as galinhas? Para pôr ovos. A professora já estava desconfiada, pois ele estava
respondendo a tudo correto e rapidamente. E as vacas, Joãozinho? Para dar temas
de casa. O riso foi total e a Vivi
contou outra. E a Liz querendo saber quando íamos retornar para ver as corujas.
Hora da sesta, fechar bem as portas,
para que a nossa pequena exploradora não saia antes que todos acordem.
Vó tu lê para mim: A ovelha Ofélia,
e mal começo a ler na terceira pagina tenho três netos nos braços do Morfeu, o
sono foi mais forte que a vontade de ouvir a história. A noite seguimos lendo
Vinte mil léguas submarinas, já tem três férias e não damos vencimento de toda
história.
Foram dias em que observávamos as
corujas e elas a nos. Dias de muitas brincadeiras, contos, piadas e risadas. E
o mais importante, tempo de descobertas e de convívio.
Porto
Alegre 20 JUNHO 2016
MAGALY ANDRIOTTI
FERNANDES