domingo, 20 de novembro de 2016

Comentário critico

Filme: Mãe só há uma

Direção de  Anna Muylaert
O filme é baseado na história do garoto Pedrinho, que descobre ter sido roubado de seus genitores. Na trama Pierre, interpretado pelo ator Naomi Nero recebe a notícia sobre o roubo, e conhece seus pais biológicos que buscam por ele há 17 anos. Ele está passando por uma descoberta sexual e de gênero, usando vestidos, pintando-se, experimentando gestos e beijando tanto garotas como garotos.
Á mim o filme me faz pensar como urge a forma de resolução de conflitos sociais. Um sistema jurídico e penal que congela, que incrementa ódios e raivas. Qual o papel do profissional da áreaPSI nesses casos?
Um jovem em plena adolescência, florido em suas buscas de identidade, recebe assim como uma bomba , a notícia que aquela não e a sua família. No filme não e dito o que fez a mãe rouba-lo, como foi que ele foi retirado da maternidade. O filme foca nele, a irmã também foi sequestrada quando bebe, e vai para outra família. Com a irmã a família, vem e busca, e a leva para Disneylândia. E ai outra pergunta, o que pensam esses pais biológicos, que isso a ajudará esquecer apagar sua relação com a mãe “sequestradora”? 
Existe em todas as intervenções uma profissional PSI mas ela me parece como um vaso, um objeto que ali está, oras fala de si mesmo, de seu tempo de trabalho. A escuta desses jovens, a costura entre as três famílias não ocorre.
Penso eu que esses casos necessitariam sim de uma justiça restaurativa, com encontros restaurativos, com círculos onde todos os interessados pudessem ali conversar, dizer de seus ódios, de suas raivas, de seus medos, de suas expectativas. E a partir daí sim poder pensar uma nova configuração familiar.
O que resolveu prender a mulher que sequestrou as duas crianças? Senão para alimentar o ódio social.
Nem o rapaz, nem a menina demonstraram ódio, por essa que foi sua mãe até o presente momento. No filme essa maternidade se dava por cuidados da alimentação, da higiene dos dois, uma mãe que fazia por eles, a princípio pode se pensar numa mulher invalidando, mas tem poucos dados, poucas informações.
O que se passa na cabeça dos pais de Felipe, que não conseguem pensar que passados 17 anos ele não e mais um bebe? Ele se chama agora Pierre. Quem é Pierre, como vive? Como passou esses anos todos, como foi cuidado ou não?
A sequestradora, sai de cena, é presa, não se fala disso, não há um esclarecimento para os filhos sobre o que a fez rouba-los?  Ele ficam com uma tia, familiar da sequestradora, que se preocupa em deixar a casa andando para que eles fiquem bem, dentro de seus conceitos de cuidados. E entra o profissional inoperante PSI, que nada faz, não assinala, não media, não propõe.
Pensando o filme, me pergunto e o Pedrinho, no qual se baseou o autor para criar a trama, o que se passa com ele hoje?
Outras questões que me coloquei a divagar assim como o poeta e sábio Gibran Kalin Gibran , de quem são os filhos? São meus, teus, da sociedade? Educamos os filhos com que proposito? E os irmãos como estão postos nessa relação?
No filme o irmão quando vê a mãe querendo transformá-lo num auxiliar, salta fora. Em duas cenas ele tenda aproximar-se, criar uma fraternidade. O fim do filme é legal, os dois irmãos olhando para o computador em busca da irmã perdida.

Esse profissional PSI não teria que ter garantido o direito desses irmãos de conviverem?
Magaly Andriotti Fernandes
Porto alegre 20 novembro 2016

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