FEIRA LIVRE
Magaly Andriotti Fernandes
Todo domingo na rua do meu edifício
tem uma feira popular, nela se vende legumes, frutas, artesanato, carnes
diversas, sucos, grãos, doces caseiros e muitas outras coisas para nosso
cotidiano. São produtos fresquinhos, novos e com um bom preço.
Amo ir na feira, primeiro porque
ali é um lugar de encontro, se fala com os vizinhos de perto e de longe, amigos
do bairro. E um colorido para os olhos, aquelas bancas com o verde das alfaces,
crespa, lisa, das couves, dos temperos. Do vermelho dos tomates, do roxo das
uvas, do amarelo do milho, do branco do aipim, do laranja, do marrom.
Minha mãe já comprava na feira, e
para nós crianças era uma festa. Comer pastel frito na hora com suco de
laranja. Quando meus filhos eram pequenos, são gêmeos, perdi um deles. Foi
aquele desespero, aquele corre e corre. E ele quando encontrado, ali na banca
do torresmo, bem tranquilo, comendo, deliciando-se e num bom papo.
Os feirantes são divertidos,
gritam alguns, outros mais discretos, fazem piadas. “Mulher bonita não paga...
mas também não leva”. Tudo é pago em
dinheiro, já que o custo e bem mais baixo que na rede de supermercados local.
Não tenho horta em casa, como meu
avô tinha, então domingo e como se fosse ao pátio de casa. Logo que casei, comprar
chuchu, bergamota, pera, tempero verde, couve era muito estranho. Na casa de
minha mãe era só sair na rua e colher.
Fico pensando que a maioria das
pessoas, que tem essa facilidade de ter ali bem próximo o que necessitam para
sua alimentação, esquecem qual o trabalho que dá para que esses legumes,
verduras e frutas cheguem ali. Esquecem as interferências do clima, os agrotóxicos
que vem sendo utilizados no plantio, e que vem produzindo cada vez mais
doenças. Vejo pessoas brigando verbalmente com o feirante pela falta desse ou daquele
produto; pela qualidade dos mesmos. E nas crianças educadas em apartamentos que
não tem esse contato com o campo. Como fica para elas o conhecimentos dos
alimentos.
Tive um paciente que só conhecia
galinha, essa da máquina de assar. Quando viu o primeiro animal vivo criou uma
fobia.
Porto Alegre 19 março 2017
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