domingo, 19 de março de 2017

                     

                                 

 FEIRA  LIVRE

                                                                                 Magaly Andriotti Fernandes
Todo domingo na rua do meu edifício tem uma feira popular, nela se vende legumes, frutas, artesanato, carnes diversas, sucos, grãos, doces caseiros e muitas outras coisas para nosso cotidiano. São produtos fresquinhos, novos e com um bom preço.
Amo ir na feira, primeiro porque ali é um lugar de encontro, se fala com os vizinhos de perto e de longe, amigos do bairro. E um colorido para os olhos, aquelas bancas com o verde das alfaces, crespa, lisa, das couves, dos temperos. Do vermelho dos tomates, do roxo das uvas, do amarelo do milho, do branco do aipim, do laranja, do marrom.
Minha mãe já comprava na feira, e para nós crianças era uma festa. Comer pastel frito na hora com suco de laranja. Quando meus filhos eram pequenos, são gêmeos, perdi um deles. Foi aquele desespero, aquele corre e corre. E ele quando encontrado, ali na banca do torresmo, bem tranquilo, comendo, deliciando-se e num bom papo.
Os feirantes são divertidos, gritam alguns, outros mais discretos, fazem piadas. “Mulher bonita não paga... mas também não leva”.  Tudo é pago em dinheiro, já que o custo e bem mais baixo que na rede de supermercados local.
Não tenho horta em casa, como meu avô tinha, então domingo e como se fosse ao pátio de casa. Logo que casei, comprar chuchu, bergamota, pera, tempero verde, couve era muito estranho. Na casa de minha mãe era só sair na rua e colher.
Fico pensando que a maioria das pessoas, que tem essa facilidade de ter ali bem próximo o que necessitam para sua alimentação, esquecem qual o trabalho que dá para que esses legumes, verduras e frutas cheguem ali. Esquecem as interferências do clima, os agrotóxicos que vem sendo utilizados no plantio, e que vem produzindo cada vez mais doenças. Vejo pessoas brigando verbalmente com o feirante pela falta desse ou daquele produto; pela qualidade dos mesmos. E nas crianças educadas em apartamentos que não tem esse contato com o campo. Como fica para elas o conhecimentos dos alimentos.
Tive um paciente que só conhecia galinha, essa da máquina de assar. Quando viu o primeiro animal vivo criou uma fobia.

Porto Alegre 19 março 2017

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