terça-feira, 7 de junho de 2016



Minha neta é uma artista
                Em 2006, no mesmo mês que eu nasci, nasceu minha neta. Eu já era avó de menino e essa grata surpresa e um desafio, ser avó de menina. Em minha família de origem, entre meus irmãos, só existe uma menina. Eu fui mãe de meninos. Digo fui, pois hoje são homens, na vida seguindo seu rumo.
                Ela, uma libriana, desde muito pequenina uma artista, sensível, decidida e determinada. Dize um desafio, pois amar uma menina, está diretamente ligado a nossa menina interna. Eu até muito pouco tempo era muito masculinizada em conflito  o meu eu feminino. Ai ela, essa pequena flor, me ensinando a delicadeza dos gestos, da voz, do deslocar-se.
                Claro que nossa relação não são só flores, não é não, pois temos temperamentos bem diferentes. E ser avó, para mim pelo menos, não é só realizar desejos, mas interagir, trocar, criar juntas(os), e também brigar as vezes, e se necessário junto com os pais dar limites. Essa história que avó estraga os netos, eu não acredito muito não, e procuro ser uma avó diferente, não sei se consigo, mas tento. Porém não estamos aqui para falar de mim, e sim dela. Ela despertou em mim, mais uma vez aquela menina sapeca e delicada que estava adormecida. A ela, sou muito grata.
                Ela nasceu numa cidade próxima a que eu vivo, mas isso não impediu nosso convívio. Ser avó paterna também é uma construção nova. Pois na cultura os modelos de avós paternas, são pessoas que ficam mais a distância, não participam da vida dos netos. Eu para variar me rebelei com essa proposta. Eu procuro sempre estar próximos do meu neto e das duas netas. E criar espaços de leitura, de viagens, de aventuras e de criatividade. Putz, mas não é fácil, quando vejo estou igual a minha mãe.
                Tenho muitas lembranças de nosso cotidiano até hoje, caminhando pelas ruas de sua cidade rumo a praça, ela uma tagarela. Caminhando nos trilhos do trem, nas ruas da cidade, nas lojas. Ela com mais juízo que a avó, dando limites com relação as compras.
                Quando entrou na escolinha, a mãe dela iniciou o trabalho fora de casa e eu pude estar com ela ali. Ela sentadinha no banco todo multicolorido, os olhinhos de curiosidade, o coração aflito de deixa-la, mas ela toda feliz com a novidade e os novos amigos. Saindo da família, para o convívio com pessoas estranhas. Lembro das apresentações, nossa pequena artista dançando com fantasia de anjinho, ela fazendo bale, ginastica olímpica, dança de rua. E ai teríamos muitos momentos para partilhar.
                Hoje vamos falar da artista, sim o desenho, a dança, o canto. Nos finais de semana com a família reunida ela fazia apresentações musicais com dança. Viajamos juntas nas férias, com seu primo, e os dois amam fazer filmes juntos e gravar. São muito divertidos e parceiros.         No meu aniversário do ano passado ganhei um quadro de borboletas, em mosaico. Eu amo borboletas, ela sabia, e me brindou. Agora ela mora mais longe da minha casa, noutro Estado, então nos vemos com menos frequência, mas ai tenho seus trabalhos para me ajudar a matar a saudade.

                E assim vamos nos nesse construir da relação avó paterna e neta, numa teia sem fim.

MAGALY ANDRIOTTI FERNANDES

PORTO ALEGRE, 07 JUNHO 2016. 

3 comentários:

  1. Com certeza as melhores recordações da vida dela serão com a avó!

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  2. Admiro tua presença na vida desses lindos seres que são teu neto e tuas netas!

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  3. Admiro tua presença na vida desses lindos seres que são teu neto e tuas netas!

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