domingo, 29 de maio de 2016

O menino e o esquilo



                Nunca tinha ido ao Rio de Janeiro, tinha agora sete anos, e  minha  avó convidou-me para visitar uma amiga que lá mora. Logo me imaginei no avião, ia então poder andar  novamente, aquilo tudo era uma maravilha.  Última semana de aula não conseguia nem dormir direito já se vendo no bondinho do Pão de açúcar.
                Sempre viajava com a família toda, o pai, o tio, a prima, as tias, nessa vez ira só ele a avo. Ficava imaginando que programas iriamos fazer. Sabe que na hora de dormir a avo ira ler para ele como sempre faz. Escolhem juntos os livros antes de viajar. Esse ano escolhemos um sobre as lendas do sul.
                Chegando ao Rio a amiga da avo, e seu esposo os esperavam no aeroporto. Quando o avião aterrissou dia ensolarado, uma visão linda do Cristo, e da baia da Guanabara. O coração aos pulos, mãos suando frio. Saudades da mãe e do pai.  Serão poucos dias, só sete, vamos as descobertas.
                A Estrada Velha da Tijuca, onde nos hospedamos, é toda arborizada, os pés de jaca, com aquelas estranhas frutas penduradas. Um cheiro estranho delas exalava. Viu um pequeno animalzinho que se esgueirou pelas arvores, não conseguiu precisar que animal era. O amigo dize que era um esquilo, que eles andam ali pela floresta da Tijuca, que irá poder vê-los de perto.  Ah amei ficar ali na janela ao acordar e observar os saguis, que andavam de galho em galho, correndo pelos telhados, os pássaros muitos diferentes, cantos diversos. Os esquilos não reapareceram ali.

                Saímos cedo para aproveitar o dia, o Cristo Redentor, o Bondinho de Santa Tereza, os Museus, as praias, o metro, o Pão de Açúcar, passeios de barco. Dias de muita felicidade e descobertas. Um dia estávamos sentados na praça da Republica, olhando as cotias que comiam frutas, e um pequeno esquilo chegou bem próximo a mim. Eu por sorte tinha amendoim e alcancei para ele, que com sua mãozinha pegou rapidamente. E ele assim ficou fazendo várias idas e vindas. Até que meus amendoins terminaram. Ele tão pequenino, com olhinhos tão vivazes, ágil e serelepe. Eu queria morar então no Rio de Janeiro. O metro andei e fiquei em êxtase, rapidamente estávamos em nosso destino. Mas aquela demonstração da natureza, mexeu comigo. Na Urca, os saguis, que já os via da janela da casa de nossa amiga, tinha os alimentado. Saguis existem também na minha cidade, no zoológico, não assim na natureza. Agora esquilo, ali solto na praça, que não tinha medo de mim, eu um pouco de receio, nos aproximamos, e ficamos ali naquela brincadeira de ir e vir. Esquilos foram os primeiros que vi, fora dos filmes, do micro.  Eu arrependido, de não ter mais amendoins comigo.  Tinham outros esquilos na arvore, mas apenas este vinha em busca do alimento. Caso fosse pipoca que eu tivesse não daria a ele. Pipocas são gordurosas, e fazem mal a esses pequenos animais. Mas amendoim faz parte de sua gastronomia. Tem pessoas que tão qualquer alimento para eles. Eles estão ali livres na praça. Os humanos que os cuidam deviam ser mais responsáveis. Eu nem como amendoim, coisas de minha avo, que já tinha estado ali naquela praça em sua lua de mel, e já tinha visto os esquilos, que ela também ama.
                Fiquei pensando o que será que ele viu em mim, que veio. O cheiro do amendoim talvez? E os outros porque também não se aproximaram? Ele muito pequenino, aquele rabinho longo, um olhar de felicidade. Bem no alto da arvore vi tinha um ninho. Seria ele a mamãe esquilo, um pequeno esquilo fazendo suas primeiras inserções pelo mundo, assim como eu? Dois tímidos, num encontro gastronômico e de afetividade ali na Praça da República. A cidade antiga, e movimentada ao redor, o ruído dos carros, e ali aquela paz, aquela sombra, e aquela interação com a natureza. Ficamos bom tempo ali, observando as cotias, que também são atrativas, e em grande número. Elas mais arredias, não se aproximam, andam em bando.


                Sonhei com o esquilo, ele me dizia que tinha saudades de quando tudo ali era floresta. Seu avô lhe contara, ele mesmo não tinha conhecido a floresta. Vivia ali naquela arvore, muito raramente conseguia ir até uma outra próxima. Tinha muito medo dos humanos. Alguns esquilos já morreram esmagados na mão de meninos que não se dão conta que eles são seres vivos. No sonho ele tremia muito de medo, assustado. Quando me viu, pediu que eu o segura-se na mão, o que fiz. Eu com pouco de medo, mas ensaio e abro a mão onde ele se aconchega. Ele fica calmo e consegue falar. Acordo assim com essa sensação de bem estar e com muitas saudades do Rio de Janeiro e de sua natureza. Pensei em ir até lá e busca-lo para que morasse na Floresta da Tijuca.




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