Escrever é uma paixao, agora colocando em pratica, ou melhor agora tornando publica. Venho escrevendo e guardando para mim mesma. E dada hora de compartilhar e trocar.
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
2016
Magaly Andriotti Fernandes
“Quem olha pra fora sonha, quem
olha para dentro, acorda.”
Esse ano foi
para mim um tempo de reflexão e descobertas. Estar aposentada da minha atividade
profissional principal é uma novidade, mesmo já estando no segundo ano nessa
condição.
Antes de 2014,
data que encerrei minha atividade como psicóloga jurídica, psicóloga no
contexto penal, vinha me dedicando ao autoconhecimento. Pensando a que me
dedicaria, o que queria fazer, o que busco, qual o sentido da vida, depois da
aposentadoria.
Ingressei num
grupo de mulheres que trabalham o sagrado do feminino. Ai dois desafios,
trabalhar em grupo de mulheres, e o percurso rumo ao eu mulher, ao feminino, e
aqueles valores deixados de lado pela modernidade. Espaço que tem sido muito importante para o
aprofundamento do meu eu.
Busquei a música,
na forma de canto, e de audição. O canto deixei para mais tarde o projeto de
ingressar em um coral. Ouvir música passou a ser meu cotidiano. A música nos
eleva, nos tranquiliza, nos relaxa. Tem músicas que agitam, que nos tornam
agressivos, mas optei pelas demais. Agitada e agressiva, dois predicados que
venho buscando eliminar.
O tear, esse
era um sonho antigo, agora realizado. Viajar pelas tramas dos fios, criar
peças, saias, mantas, tapetes, cachecóis, almofadas, panos e por ai afora. As
aulas eram um espaço de partilha e trocas com outras pessoas. A textura dos fios, as cores, a possibilidade
de criação. Pensar nossas roupas de diferente forma. Hoje os tecidos sintéticos,
roupas descartáveis. Para se produzir um
fio de algodão ou outro material, tece-lo, costurar, colar...até a peça final
uhuuuuuu. Uma peça produzida por nos tem um gosto e um sabor diferenciado. Você deve estar pensando essa escritora e
doida, desde quando roupa tem gosto e sabor??? Tem sim pois quando se desperta
os sentidos à criatividade o prazer despertado pela criatura pronta ali…e infindável.
A oficina de
escrita, poder ler de forma orientada, ter um grupo com quem trocar e aprender.
Ter uma escritora ali para te ir sinalizando o caminho, foi uma das melhores
escolhas que fiz. A cada semana, novo texto para ler e comentar, outro para
escrever, fazer as revisões, um universo que se abre. O grupo composto por
pessoas de diferentes formações, com ideias e estilos diferentes, num diálogo
permanente, se permitindo ouvir e receber críticas, elogios, sugestões.
Escrever é muito bom e requer soltar a imaginação, requer retomar a gramatica
de sua própria língua, um caminho sem fim.
A atividade física,
a zumba particularmente. Sim esse ano me propus além de cantar, que deixei para
o próximo, dançar, que também ficou no meio do caminho. Amei dançar. A zumba
não só e divertida como estava me ajudando no emagrecimento. No momento de escolhas, terminei deixando
pelo caminho. O caminhar que foi feito de forma assistemática, a dança circular
que ficou pontual.
Bordar nesse
ano de 2016, se mostrou com uma perspectiva. Associei a escrever livros, e fiz
o livro para minha neta caçula: A menina e o cavalo rosa. O cavalo rosa é um
personagem que ela mesmo inventou e que eu dei asas. Com o livro fiz uma boneca
de pano e um cavalo com crinas rosas. Com os personagens é possível que o
leitor crie suas próprias histórias.
Antes desse
escrevi e desenhei: A cobra-cão. Um livro infantil dedicado as
minhas duas netas. Ele nasceu depois que fiz em pano, uma cobra de cinco
metros, para elas brincarem. A cobra hoje serve da almofada para o espaço de
leitura das duas. A cobra-cão e uma cobra que sonha em ser cão de guarda das
meninas. Ela nasce do coração.
Criei dois
blogs, um para postar meus escritos, outros para postar meus artesanatos. Pois
sim além do tear, o tricô, o crochê, o papel marche fazem parte da minha
construção de vida. E bom ver o resultado, ler os comentários, retomar projetos
depois da interação com os outros.
E sim um ano
que me dediquei mais do que nunca a mim. Aos meus netos, aos filhos e noras e
aos amigos. Um ano que busquei retomar laços familiares deixados pelos caminho.
Revi primas, primos, tia iniciamos um resgate de encontros ensinados pelo avô
materno. Exercitei a arte de ficar longe e de estar presente. Parece loucura não? Sempre fui muito grudada com minha família de
origem mãe, pai, irmão avos. Esse ano fiquei um pouco distante deles. Depois
que vieram os filhos, grudei neles. Aprendi que o convívio é bom, mas tem os
seus limites. Que a vida existe para além
das relações familiares.
Com os amigos
tive momentos maravilhosos, e outros definidores. Ser amigo e também partir, e
despedir-se, e não aceitar o que não tem a ver com os teus princípios éticos.
Conheci lugares surpreendentes. Viajar e
uma das ações que estão no topo das minhas escolhas. Uruguai, Argentina, Florianópolis,
Arroio do Sal, Praia Grande, Campo Grande etc.
Sinto e
repercute em mim, as mudanças políticas que estão se dando na minha cidade,
Estado, pais e no mundo, porem tenho procurado não deixar me levar por essa
energia. As mudanças só se darão quando cada um de nós mudar. Um clichê: quando
eu mudo o mundo muda. Muda mesmo. Eu estou mudando e você?
Sou muito grata
a Deus por esse ano de encontros e desencontros, um ano de aberturas, de
possibilidades e de muita criatividade. Que me venha 2017, cheio de amor...
domingo, 11 de dezembro de 2016
A MENINA E O CAVALO ROSA
Magaly Andriotti Fernandes e Liz Fatima Brustolin dos Santos
Minha neta caçula, hoje com três anos, inventou um personagem: o cavalo rosa. Sempre que a visito ou ela a mim, falamos sobre ele e suas aventuras. Pensando nisso resolvi bordar um livro com a menina e o cavalo rosa. E ai está.Belo dia a menina dormindo sonhou que tinha um cavalo. Não era um cavalo qualquer, era todinho rosa, e ele adorava passear pelo mundo. Ela subia nele e juntos foram iam a diversos lugares.
O cavalo rosa adora descansar próximo a casa da menina. Beber água no lago que ali se forma límpido.E comer daquele pasto delicioso cultivado pela menina e sua família.
Ela mora próximo aos Canyon e juntos sobem ao topo para observar a natureza e ouvir os pássaros.
Os dias de sol sempre os une para suas aventuras. Os de chuva também.
O cavalo tem uma família.É filho único.e o papai e a mamãe são também rosas e correm soltos pelos campos e montanhas da região.
Já a família da menina é maior, ela tem uma irmã seis anos mais velha. Os pais trabalham com comunicação e também construíram uma vida onde a liberdade prepondera. Todas amam nadar no Riozinho próximo.
A menina ama as flores e o campo .Ela e sua irmã tem um pula pula, onde divertem-se muito.
Com o livro pensei que era importante ela ter o cavalo rosa e a menina, para que as aventuras corressem soltas.
Vejo um flamboyant da
minha janela
Magaly Andriotti
Fernandes
É dezembro e quando saio na janela
vejo três flamboyants floridos. Tapetes de vermelho. Moro na capital do Rio
Grande do Sul e nesse período ainda é primavera, já quase verão. É uma vista
multicolorida, tem épocas do ano que os ipês amarelos e os lilases delimitam o
colorido.
Moro nesse apartamento desde os meus
21 anos, nele construí meu ninho, eduquei meus filhos, vivi um grande amor
Quando olho para rua vejo além de arvores o estuário do Guaíba, parte pequena, mas
o vejo lembro das juras de amor que faladas e vividas.
Nesse momento em que a cidade se
veste de luzes, e o vermelho na decoração de Natal e uma constante, olhar os
flamboyants floridos faz o coração bater mais rápido, faz pulsar as juras de
amor faladas e vividas e a boa saudade brota.
A natureza é muito mágica, quantas
flores são necessárias para dar a intensidade da cor? Para que todos os galhos
fiquem igualmente coloridos, para que o tom especifico do vermelho fique assim
tão homogêneo, e de tanto em tanto, pequenos pontos amarelos do miolo da flor
fiquem nítidos aqui numa distância que posso ver do nono andar.
Minha mãe amava essa arvore, depois
da figueira era sua preferida. Penso que com ela aprendi a observar a natureza.
Quando fico triste, preocupada, desassossegada, caminhar pelas ruas do bairro,
abraçar as arvores, ou simplesmente achar uma sombra e ali ficar por momentos,
me organiza e me alegra.
Flamboyants na janela, sou mesmo uma
pessoa privilegiada. O amor está no ar, preciso apenas abrir a porta.
Porto Alegre
11/12/2016
domingo, 20 de novembro de 2016
Comentário critico
Filme: Mãe só há uma
Direção de Anna Muylaert
O filme é
baseado na história do garoto Pedrinho, que descobre ter sido roubado de seus
genitores. Na trama Pierre, interpretado pelo ator Naomi Nero recebe a notícia
sobre o roubo, e conhece seus pais biológicos que buscam por ele há 17 anos.
Ele está passando por uma descoberta sexual e de gênero, usando vestidos,
pintando-se, experimentando gestos e beijando tanto garotas como garotos.
Á mim o filme
me faz pensar como urge a forma de resolução de conflitos sociais. Um sistema jurídico
e penal que congela, que incrementa ódios e raivas. Qual o papel do
profissional da áreaPSI nesses casos?
Um jovem em
plena adolescência, florido em suas buscas de identidade, recebe assim como uma
bomba , a notícia que aquela não e a sua família. No filme não e dito o que fez a
mãe rouba-lo, como foi que ele foi retirado da maternidade. O filme foca nele,
a irmã também foi sequestrada quando bebe, e vai para outra família. Com a irmã
a família, vem e busca, e a leva para Disneylândia. E ai outra pergunta, o que
pensam esses pais biológicos, que isso a ajudará esquecer apagar sua relação
com a mãe “sequestradora”?
Existe em
todas as intervenções uma profissional PSI mas ela me parece como um vaso, um
objeto que ali está, oras fala de si mesmo, de seu tempo de trabalho. A escuta
desses jovens, a costura entre as três famílias não ocorre.
Penso eu que
esses casos necessitariam sim de uma justiça restaurativa, com encontros
restaurativos, com círculos onde todos os interessados pudessem ali conversar,
dizer de seus ódios, de suas raivas, de seus medos, de suas expectativas. E a
partir daí sim poder pensar uma nova configuração familiar.
O que resolveu
prender a mulher que sequestrou as duas crianças? Senão para alimentar o ódio social.
Nem o rapaz,
nem a menina demonstraram ódio, por essa que foi sua mãe até o presente
momento. No filme essa maternidade se dava por cuidados da alimentação, da
higiene dos dois, uma mãe que fazia por eles, a princípio pode se pensar numa
mulher invalidando, mas tem poucos dados, poucas informações.
O que se passa
na cabeça dos pais de Felipe, que não conseguem pensar que passados 17 anos ele
não e mais um bebe? Ele se chama agora Pierre. Quem é Pierre, como vive? Como passou
esses anos todos, como foi cuidado ou não?
A
sequestradora, sai de cena, é presa, não se fala disso, não há um
esclarecimento para os filhos sobre o que a fez rouba-los? Ele ficam com uma tia, familiar da
sequestradora, que se preocupa em deixar a casa andando para que eles fiquem bem,
dentro de seus conceitos de cuidados. E entra o profissional inoperante PSI,
que nada faz, não assinala, não media, não propõe.
Pensando o
filme, me pergunto e o Pedrinho, no qual se baseou o autor para criar a trama,
o que se passa com ele hoje?
Outras questões
que me coloquei a divagar assim como o poeta e sábio Gibran Kalin Gibran , de
quem são os filhos? São meus, teus, da sociedade? Educamos os filhos com que
proposito? E os irmãos como estão postos nessa relação?
No filme o
irmão quando vê a mãe querendo transformá-lo num auxiliar, salta fora. Em duas
cenas ele tenda aproximar-se, criar uma fraternidade. O fim do filme é legal,
os dois irmãos olhando para o computador em busca da irmã perdida.
Esse
profissional PSI não teria que ter garantido o direito desses irmãos de
conviverem?
Magaly Andriotti Fernandes
Porto alegre 20 novembro 2016
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Um arco íris na minha janela
Magaly Andriotti
Fernandes
Tenho
que dizer que esse ano de 2016 tem me possibilitado momentos com a natureza de
puro êxtase. Ontem abri a janela ao entardecer e surpreendo-me com dois arcos
íris, um bem nítido fazendo todo o contorno do globo terrestre, e o outro suave
menos expressivo. Chocante, extasiante... sem palavras para descrever a
sensação dessa visão. O rosa, o lilás, o verde, o amarelo, o azul claro, entre
outras em contraste com o céu cinza com nuvem depois da chuva, cores intensas.
Na segunda já o universo nos presenteou com a super lua. Moro no nono andar, e
vejo o nascer da lua cheia mensalmente. Ela vem de trás dos montes, lenta,
clara e luminosa. Adoro deixar as luzes apagadas, colocar um mantra, uma música
suave e ficar ali recebendo aquela energia.
Essa
semana estou benta, lua e arco íris, a natureza é perfeita. Fico me perguntando
como nasce o arco-íris? O que produz essas cores no espaço? Ficamos tristes por tão pouco, esquecemos da
riqueza que somos e representamos para o universo. A lua tem disso, tem faces,
o arco íris aparece depois de uma chuva, e nós humanos? Nos humanos não podemos
ficar só na contemplação. A contemplação tem que produzir em nós uma forma de
ser em conexão.
Outro
dia vendo o mar bater na areia, numa praia paradisíaca, fiquei pensando, que
beleza, que perfeição. E ao mesmo tempo pensei nesse mesmo mar, com ondas
enorme, avançando na praia a dentro, nas pedras e se casas ali existem
destruindo. Tem momentos que a natureza também muda o seu comportamento. A chuva, mesmo que ontem caísse suave,
refrescante, em alguns lugares pode levar a invasão de casas, enchentes.
Nós
e a natureza, essa alteração de humores, tristes e alegres, embelezando ou
destruindo. Somos nós a semelhança da natureza? E nossa capacidade de falar, a
linguagem que nos diferencia. A condição de únicos que sabemos que somos mortais?
O que estamos fazendo com o nosso planeta?
Ao ser humano que tem o poder de leitura e compreensão desses fenômenos,
porque não prepondera a construção, a ampliação?
É
dada a hora de eu, não o nós, eu partir para uma pratica transformadora. Como
dize os sinais estão dados. As gralhas azuis, a cotia, o vento, o mar, a
borboleta gigante dourada com azul no meu retiro do silencio, e agora aqui na
minha janela, bem ao alcance dos meus olhos tanta beleza! É dada hora... Ir
para o nos também é uma forma de fuga. Esperasse que os outros resolvam, mudem,
transformem...e eu?
Porto Alegre, 17 novembro 2016.
terça-feira, 15 de novembro de 2016
RISCO E RABISCO: Sombra do Lobo 1992 -Shadow of the Wolf -Dirig...
RISCO E RABISCO: Sombra do Lobo 1992 -Shadow of the Wolf -Dirig...: Sombra do Lobo 1992 - Shadow of the Wolf - Dirigido por: Jacques Dorfmann Pierre Magny Uma super produção ambientada nas gele...
Uma super produção ambientada nas geleiras árticas com a soberba fotografia do premiado Billy Williams (Oscar em Gandhi). A grandiloqüência dos imensos blocos de neve e o trabalho da edição feito por Françoise Bonnot (Oscar em Z), e da música a cargo do mago Maurice Jarre (vencedor de três Oscar por Lawrence da Arábia, Doutor Jivago e Passagem para a Índia), possibilitam ao espectador vibrar a cada minuto. O filme conta a história de Agaguk (Lou Diamond Phillips), um jovem que se torna guerreiro e desafia a força de um novo e perigoso animal: o homem branco.
Elenco de A Sombra do Lobo
Bernard-Pierre Donnadieu Brown
Donald Sutherland Henderson
Gordon Masten Sailor
Jennifer Tilly Igiyook
Lou Diamond Phillips Agaguk
A sombra do lobo – Comentário critico
Um filme já de 1992, mas que traz
ainda muito vivo a relação de poder quando duas culturas interagem. O que faz o
humano não ser humilde e querer aprender com o diferente?
O filme se passa numa região ártica,
onde a luta pela sobrevivência e o cotidiano. Fala da relação entre pai e
filho, permeada pela invasão de outra cultura, trazendo o álcool, o comercio
desregrado, injusto, capitalista.
As relações homem e mulher
naquelas condições. A relação das pessoas com as forças da natureza através do
xamanismo.
A medida que o personagem principal
abre seu coração, enfrenta os desafios de seu percurso, com o convívio de sua
mulher, e o nascimento do filho, ele cresce, amadurece, regressa, agora já
podendo assumir seus atos, controlando seu impulso, e conhecendo melhor o equilíbrio
com os animais.
O quanto a interferência dos
ocidentais na vida cotidiano dos esquimós visava a destruição de princípios básicos
de constituição e de riqueza de um povo.
Repensar as leis a partir de contextos culturais quem sabe não seria uma
saída para atual violência.
Novembro 2016 Magaly Andriotti
Fernandes
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
A menina e os lobos
Magaly Andriotti Fernandes

O pastor que cuida das ovelhas do biólogo,
pensa que consegue falar com os lobos como seu avô e pai faziam no passado. As
pessoas da cidade pensam que ele e um lobisomem. Temem que os lobos possam
comer seus filhos. O biólogo alerta que o lobo, foi tornado um monstro pelos
contos de fadas, mas que mata só para se alimentar, e devem estar de passagem
pois de onde vem não tem mais alimentos.
Uma trama muito interessante, pois
fala dos medos mais primordiais e da irracionalidade humana a partir deles. Da educação dos filhos e das relações familiares.
E da sabedoria de uma menina que pelos conceitos latino-americanos de cuidados
parecia abandonada pelos pais, e não, ela é uma pessoa sabia, carinhosa.
Na relação com o tio, que não a
esperava, que era uma pessoa grosseira, sem paciência, ela consegue entende-lo,
ser afetiva, e auxilia-lo no seu relacionamento amoroso. Com o pastor que tinha
um dom, mas estava com muito medo, e ela o ajuda e seguir seu coração.
Um filme simples, com uma fotografia
linda, uma paisagem silvestre encantadora, morro, floresta e neve. Uma cidade
pequena, preconceitos, velhos hábitos. E uma criança que com seu coração aberto
consegue salvar a família de lobos, e a relação amorosa do seu próprio grupo. E
mostrar para toda uma cidade que tem como resolver os conflitos sem matar, sem
discriminar. O pastor que também pensava que era lobo, conseguiu levar os lobos
para o seu percurso, tira-los da cidade, e ser aceito dentro de sua
singularidade.
Porto alegre, 14 novembro 2016.
domingo, 13 de novembro de 2016
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
Leitura comentada:Não Cai da Montanha –
Livro escrito pela atriz Shirley MacLaine, no ano de 1970. E um
livro autobiográfico. Ela relata sua vida desde a Virginia nos EUA, seus
conflitos enquanto filha, irmã, mãe, esposa e atriz. E particularmente enquanto
mulher, pessoa. Sua busca pela espiritualidade. No livro ainda não fala disso
diretamente, se nomeia de a viajante. Seu início de carreira foi difícil, mas ela
não se detêm nisso, relata, avalia, mas o foco e no momento em que já consagrada
como atriz premiada, faz sua busca pelos personagens, e por si mesma. Casa tem
um filha, e passa dividir sua vida entre os EUA e o Japão. Seu marido vive lá,
ele fica com a filha do casal a maior parte do tempo. Ela refere sua busca,
como uma busca pela liberdade. E quer que sua filha também seja livre. Ela e o irmão
são muito parceiros diante de pais muito retrógrados pela sua descrição. Chama atenção seu foco tanto num pais como
noutro os efeitos da discriminação entre os povos, nos EUA, época da KUKUXKLAN,
ela vencendo seus próprios preconceitos. E na África junto com seus povos
diversos, como conseguiu ser aceita e viver por períodos dentre eles aprendendo
sua cultura e costumes. Vai até Calcutá, onde a miséria e chocante, onde recém nascidos
são abandonados em latas de lixo, segundo ela relata. Vai ao Butão e mostra experiências
de expansão da consciência. A contradição de um povo espiritualizado e guerras
de poder ainda tão firmadas.
Magaly Andriotti Fernandes, 06 nov 2016
Um livro escrito de forma a fazer
o leitor viajar junto. Suas descrições são precisas, não são demasiadas e não
perdem o conteúdo que esta posto. É um
texto que se presta a reflexão sobre a busca de si mesmo, e nos faz também aprender
com suas experiências em povos tão diversos.
Fala de um tempo especifico, e de um percurso pessoal. Não tem pretensões
de ensinar ninguém, despojada e firme.
Eu li agora em novembro de 2016,
a 3 edição. A mim me provocou o que a Índia já há muito me faz pensar. E um
pais que me instiga, mas que não tenho vontade de conhecer. A contradição entre
a miséria humana e a espiritualidade deles me deixa muitas interrogações. Um
cultura totalmente diferente da nossa.
Recomendo.
domingo, 6 de novembro de 2016
Tenho alma de beija flor
Magaly Andriotti Fernandes

Desde muito
pequena sempre amei a natureza. Nasci num bairro de Porto Alegre arborizado.
Minha casa ficava ao lado de uma pequena floresta. Na primeira fase de minha vida
minha curiosidade as vezes me fez concretizar alguma maldades com os animais. Tirar
as primeiras asas das joaninhas para observar se elas ainda assim voavam. Não
voavam. Prender vaga-lumes nas caixas de fósforos para solta-los a noite em casa
quando não tinha luz alguma ligada. Lindo demais. Eles talvez não gostassem.
Com os pássaros,
por um período, era ambivalente, tinha uma funda e corria atrás deles tentando acerta-los. Ainda
bem que minha pontaria era péssima. Cuidava do viveiro de pássaros raros de meu
pai e um dia resolvi que eles não eram felizes ali e os soltei. Meu pai é que
ficou bem triste, e o castigo certo.
Os sapos, penso eu, foram os que mais sofreram nas minhas mãos por várias vezes tentei
entender como funcionavam, abrindo com a faca. Curiosidade que foi resolvida
por aqueles anos, pois vindo a vida adulta nunca pude lidar com sangue, nunca
me imaginei na medicina, fui para as ciências da saúde mental. Ouvir, escutar
foi o meu sentido priorizado.
Fui fazer um
retiro de silencio, nele precisava fazer exercícios espirituais, porem o lugar
onde escolhi para me calar e ouvir meu mundo interno ela lindo demais. Perdi-me
na natureza. Os buganvilas cor de maravilha floridos, as Marias vão com as
outras de corres diversas, as pitangueiras floridas, as gralhas azuis que
comigo pareciam falar. Os saguis, as cotias, e os pássaros diversos que por lá
voavam. Caminhar a beija mar, a beija da lagoa Peri, minha alma ficou leve e
solta. Sol, mar e natureza eu era ali um beija flor, pequeno e ágil, de aqui
para ali, absorvendo o néctar, os perfumes.

sábado, 5 de novembro de 2016
JOANA
Magaly
Andriotti Fernandes
Joana
não sabia ler e nem escrever, mas adorava falar, adorava inventar histórias.
Historias suas, sobre suas filhas, suas netas.
Tinha horas
que Joana se metia em encrenca, pois inventava sem preocupar-se com a
veracidade dos fatos.
Verdade,
mentira, real ou imaginário, quem sabe ela não soubesse bem as diferenças.
Falava, falava
pelos cotovelos.
Adorava
visitar, amigas, vizinhas, tias, primas e filhas. Não gostava de ficar em casa.
Ficar quieta
por casa, só se tivesse algo para tecer, algum crochê encomendado, ou para seu próprio
consumo.
Nasceu em
baixo de mal tempo, o trabalho era seu nome. Na roça até casar, e depois como doméstica
na sua própria casa e na dos outros. Ainda idosa trabalhava.
Casou, pariu
seis filhos, os criou, da mesma forma que sua mãe, os colocando em casa alheia
para trabalhar.
Só hoje
passados anos, já adulta, entendo, Joana, minha avo materna. Hoje já sem
ranços, sem raivas guardadas, entendo que ela inventou o mundo que pode. Hoje a
amo assim como ela em cada canequinha de carne com manjerona que me ensinou a
fazer. Como o pão caseiro, que nos deixava moldar bonecos. Cada vez que faço
pastel de carne, massa com galinha, todas suas receitas. As minhas não tem o
tempero e o sabor dos dela. Saudade Joana, descasa e fica com Deus.
terça-feira, 1 de novembro de 2016
E as caturritas chegaram
Magaly Andriotti Fernandes
Moro, no nono andar, de um prédio, bem próximo
ao Estuário do Guaíba. Acordar com andorinhas cantando na janela. Ouvindo o
canto dos sabias, já é um cotidiano que me faz sentir parte da natureza. Porém
de um dia para outro, as caturritas chegaram ruidosas. Não sei se tem alguma
associação ou não mas os pardais não mais são vistos por aqui. Um que outro apenas,
não aquele número que povoava uma arvore em final de tarde e faziam sinfonia. Pardais e caturitas será que conseguem viver no mesmo espaço?
Fazem seus
ninhos nos coqueiros, nas araucárias, nas arvores mais altas. São ninhos lindíssimos,
cheios de gravetos. Eles lembram prédios,
o grupo de caturritas parecem morarem em andares.
Os gaviões, seus predadores, também apareceram. Fico ali na janela observando o voo rasante,
na tentativa de abocanhar uma delas. Elas são rápidas, voam em grupos. Gritam
muito, o que será que dizem? Que tipo de linguagem é essa? Existe sim uma
interação. Tem momentos que o grupo voa junto, outros duas a duas, três a três.
Meu método de observação não tem uma sistemática.As caturritas, por mim conhecidas, como
cocotas, desde a primeira infância. Minha avó materna tinha uma, ela ficava
solta pela cozinha, não voava longe, pois tinha a asa cortada. Ele repetia
quase tudo que minha avó falava. O amor humano pelos animais e as vezes muito
estranho. Um amor que aprisiona e fere. Minha avó e ela pareciam muito amigas. Vovó dava comidinha para ela na boca.
Dependendo do que comia, ela deixava a ave pegar o alimento de sua própria língua. Vendo-as, pareciam, mãe e filha. Um dia ao
amanhecer, vi minha avo chorando. A cocota tinha morrido. Diagnóstico caseiro: mal do fígado. Minha avo sofria da vesícula. A relação das duas era
mesmo muito singular.
Passeando pelo
bairro, descubro um número significativo de ninhos . Eles são suntuosos, e
elas nada discretas. Comem todas as pitangas, abacates, araçás e outras frutinhas pequenas. Essas aves já
me deixam incomodada, caminhar e comer pitangas e araçás, uma delícia. Elas são
rápidas, não esperam que amadureçam e não me deixam nada.
Vou
pesquisar e verifico que essa invasão na cidade, que no início foi belo, diz da
extinção de seu habitat natural. Elas vem para as cidades em busca de alimento
e de árvores para poderem reproduzir-se e abrigar-se durante chuvas e vento.
Não achei nada que fale da extinção dos pardais na cidades, particularmente na
que moro. Minha observação ficou sem conclusão. Os pardais sumiram , e as caturitas chegaram, é isso.
Essas aves
verdinhas e ruidosas, vem nos anunciar que existe uma correlação entre nossas
atitudes e suas vidas. Eles comem insetos, o que nós ajuda com relação a
mosquitos. O lugar de onde migraram ficaram sem a sua presença, isso com
certeza trará danos para aquele espaço. Assim como aqui na cidade nosso ecossistema
ficou alterado.
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
Rolinha roxa
Magaly Andriotti Fernandes
Observar pássaros se
tornou um habito na vida adulta. Na infância, corria atrás, tentava pega-los.
Meu pai tinha um viveiro que cabia a mim alimentar. Um dia resolvi solta-los.
Meu pai ficou muito chateado, tinha ali pássaros raros, e gostava de ficar
escutando.

Em outubro no Rio de Janeiro, na Estrada
Velha da Tijuca, que fica lindeira da Floresta da Tijuca, fiquei por bons
quatorze dias observando uma rolinha roxa no ninho. Ela fez seu ninho no
arbusto bem frente à janela do apto onde me hospedara. Fotografei por vários momentos.
O papai pombo indo e vindo com o alimento. Ela desassossegada, virando de um
lado para o outro.
Um beija-flor que também adorava aquela
arvore, vinha para buscar o néctar das flores laranjas e amarelas, assustava a
rolinha. Eu imagina um diálogo entre as
duas- o que você está querendo beija flor?
Eu, nada! estou apenas me
alimentando, além do néctar só como pequenos insetos. Fique tranquila. Podemos
conversar um pouco se quiseres. Assim o tempo passa mais rápido. – Não agradeço,
prefiro ficar aqui concentrada, o vento está forte, e preciso cuidar dos meus
ovos.
Uma borboleta preta e amarela
relativamente grande também voava por ali. Voava quieta, pousava na flor por
instantes e logo partia. E a mamãe rolinha se agitava.

Os saguis, vinham cedo para o
telhado da vizinha buscar as bananas que ela ali deixava. Sorrateiros, ágeis,
pulavam de galho em galho, se equilibravam no muro, pegavam o alimento e saiam
na mesma rapidez.

Pedi que minha amiga continuasse
a observa-los e se pudesse registrar quando eles iniciassem a voar.
Ali, naquela cidade maravilhosa,
como é conhecida, com tantos lugares lindos para se descobrir, com tão pouco
espaço para moradia, superpopuloso, ainda tem espaço para os pássaros e outros
animais silvestres.
A pombinha rola, ali com seus
filhotes, com sua família constituída, em plena primavera, nos faz sentir-nos
em paz imersos nesse universo que tanto nos instiga.
domingo, 30 de outubro de 2016
RISCO E RABISCO: E O BURACO FOI FECHADO…. E O VOTOANULADO ...
RISCO E RABISCO: E O BURACO FOI FECHADO…. E O VOTOANULADO ...: E O BURACO FOI FECHADO…. E O VOTO ANULADO MAGA...
E O BURACO FOI FECHADO…. E O VOTO ANULADO
MAGALY ANDRIOTTI FERNANDES
Pasmem, depois
de uns seis meses, o buraco da minha rua foi fechado. Indo exercer o direito de
votar constato que o buraco finalmente não está mais ali. Não sei precisar a
data que isso ocorreu, pois nesse semestre ando viajando muito e não caminho por
essa parte da calçada.
Fico pensando
logo hoje que tenho que ir escolher entre o péssimo e o menos ruim, o buraco está
fechado. Será que o prefeito atual pensando em votos para sua coligação tomou
tento? Será que o vizinho que mora em frente ao buraco, não mais suportando o fatídico
o consertou?
Eu, hoje também
fiz algo que nos 49 anos como eleitora nunca tinha feito, anulei meu voto. Sim
muitos pensam que anular e igual a deixar em branco ou não votar. Não, anular e
dizer para o prefeito que for escolhido, se algum for, que não o aprovo, que
não estou com ele, que não concordo com a política atual. Todos os cidadãos poderiam
optar por anular e teria que ser refeita a eleição. Eu tenho o direito e o
dever de me manifestar. Não suporto mais os desmandos da política, não suporto
mais ser roupada cotidianamente. Não suporto mais ver minha cidade que era um
exemplo, ter seu povo caminhando e morando na rua e nas paradas de ônibus, as
escolas sem conservação, os servidores mal pagos, os hospitais, os mesmos desde
que me conheço por gente, negligenciados. E por ai vai o levantamento do que
não funciona na minha cidade. Quero uma cidade nova, quero poder andar por ela
e novamente me orgulhar de aqui ter nascido, por isso exerço o direito de
anular o voto. O voto em branco deixa em
uma interrogação, não se sabe se não consegui resolver a dúvida entre um o
outro, se só vim as urnas para não ficar sem pagamento, em caso de servidor público,
e ai uma série de outros aspectos escondidos no voto em branco. Não vir votar também
pode ser um ato de protesto, mas como esse direito foi conquistado a duras
custar, não vou entregar ele assim de bandeja para esse grupo organizado, essa
facção que está no poder. Anulando meu voto, mostro que moro aqui, que existo,
que tenho acompanhando o que o prefeito fez, ou fara durante o seu desempenho
funcional. Caso algum prefeito se eleja, ele terá que saber o número de pessoas
que votaram nele, e o número de pessoas que anularam, que eu penso não serão
poucas, e isso deve fazer a diferença. Ele se consciência e ética tiver terá
que exercer o seu mandato pisando num pé só como diria meu avó.
Estou feliz
mesmo assim, o buraco foi fechado, as pessoas podem caminhar tranquilos sem o
risco de cair, e eu fiz o que a atual conjuntura política desse pais me
pressionou a fazer, anulei o meu voto.
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
A cidade desnudada
Magaly Andriotti Fernandes
Viajar é sempre bom. Mesmo quando se retorna a uma cidade já conhecida. Conhecida? escrevo e fico pensando, como se conhece uma cidade,? Conheço mesmo o Rio de Janeiro? Vim aqui pela primeira vez nos meus quinze anos, eu e mais três amigas. Elas já faziam férias no Rio com os pais. Para mim foi um encantamento só, nunca tinha viajado sem meus pais. Nós quatro caminhando por aquelas ruas a beira mar, pelas ruas do bairro Laranjeiras, muito arborizadas, pelo Flamengo, Botafogo. Ficar ali olhando os barcos, nas trilhas da Urca. Subindo ao Cristo Redentor , no bondinho do Pão de Açúcar, andando de bicicleta pela ilha de Paquetá. tomando banho nas praias oceânicas… e levando aquele caldo nas ondas de Copacabana. Tempo de muita fala, risos, encontros. Nossa amiga do ginásio com a qual devíamos encontrar e não conseguimos não nos perdoa ate hoje. Todas jovens, queríamos fazer tudo, a ansiedade era muita. Éramos muito perdidas,desbravando aquela cidade maravilhosa juntas, com muitos medos, receios que foram ali vencidos.

Nessa última viagem me senti fora do país. O Centro do Rio preservou os prédios antigos, muito arborizado, e ampliou com um transporte ágil e que preserva o meio ambiente. Tudo muito futurista. Já amava essa cidade agora meu coração bate descompassado
.A comida carioca, essa nos faz sair sambando. Um chá da tarde na Colombo, ou um almoço ao som do piano. Os bares de Ipanema, Leme, de Copacabana...etc.
Os cinemas, o Odeon, o mais antigo do país, ate mesmo os de shopping aqui são charmosos. As livrarias, a Travessa com os seus cafés, os sebos.Os amigos e amigas, o carinho de estar com eles é sempre uma festa. Ainda não fui a Marquês de Sapucaí, mas sonho em ali desfilar em uma escola de samba. Minha amiga já foi e virou estrela.
Na Lapa quase sempre que venho uma noite passo por la. No Rio não se fica sem dançar, sem tomar chopp, sem um bom vinho.
As praças, a floresta da Tijuca...são muitos lugares para ir se apreendendo essa cidade dita maravilhosa.No Estado do Rio de Janeiro já fui a Búzios, Cabo Frio, Petrópolis, Teresópolis, e amei tudo. Paraty, caminhar pelas ruas antigas.Enfim descobri que não conheço essa cidade, mas cada vez que retorno gosto mais ainda dela. Conhece-la implica em deixar-se perde, esvair-se nas ruas, no povo e na cultura.
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