ANDAR DE GONDOLA EM
VENEZA
Por
muito tempo andar de gondola em Veneza, foi um sonho, até que chegou o dia, em
novembro de 2015 que realizei. Não tem palavras suficientes para descrever a
sensação.
Quando
cheguei em Veneza, o coração já batia em descompasso, quando entrei na praça de
São Marcos o choro veio naturalmente e aos borbotões. Caminhar por aquelas
ruelas, sentir seus odores, que ao contrário do que muitos me diziam era um
fedor tremendo, não senti. Era outono, mês atípico, não havia chovido quase
todos os dias como ocorre. As aguas eram de um tom esverdeado. Minhas memorias
estavam a flor da pele, memorias filogenéticas. Não se sabe para que lado
dirigir o olhar, pois tudo e lindo, tudo tem história. O bom mesmo e sentar e contemplar.
Foi o que fiz ao final da tarde, tomando uma taça de vinho tinto vendo o pôr do
sol: vida pura.
Penso
que é importante contar que sou descendente de italianos e que meu bisavô, veio
de Veneto. Não sei quase nada de seus motivos, o que o fez deixar terras tão
lindas. Motivos houveram e eles já casados foram para o Brasil. E eu aqui numa
sensação de dejavoui.
Voltando
ao meio dia, foi quando andei de gondola. Elas são lindas, éramos quatro na
gondola e o condutor, Ivan, Ivan o terrível, brinquei com ele, um italiano
belo, simpático e descontraído. A medida que remava e nos levava pelos canais
daquela bela cidade, ia contanto historias, passamos pela casa do Casa
Nova. Dali vemos a Ponte dos Suspiros de
outro ângulo, e agora nossa vez de suspirar às avessas. Sim as avessas, pois os
prisioneiros que ali passavam nunca mais viriam a luz do sol, e nos ao
contrário, estávamos apenas iniciando um percurso sem volta para a liberdade.
Ivan não cantava, cantamos nos então, cantamos em italiano para não quebrar o
encanto.
Um
passeio de trinta minutos, mas que dura a vida inteira, e só se deixar levar
pelo embalo da gondola, pela companhia dos amigos, novos amigos do curso, e
pela riqueza e a beleza da Itália.
Porto Alegre,12 abril 2016.
MAGALY ANDRIOTTI FERNANDES
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