CAMINHADA AO AMANHECER
Amanheceu, e eu já estava ali
fazendo aquela preguiça matinal, preparando-me espiritualmente e fisicamente
para o despertar. Saio da cama me jogo no chuveiro, coloco a roupa para
caminhar e com uma maça na mão saio. Moro bem próximo ao Guaíba, e nas manhas
de outono, já frias, sentir aquele vento gelado, o sol tímido, desfazendo a
serração que caiu durante a noite é uma benção.
Caminhar
pelas manhas a beira do rio, e um exercício que me põe a pensar, a refletir
sobre os dias, a família e os projetos.
Dias
que não caminho, o sono fica alterado, ficar nas atividades manuais ou mentais
por si só, não cansa o corpo. Penso que sou uma pessoa hiperativa, preciso, ter
vários projetos em que esteja inserida. Escrever uma crônica, um conto, fazendo
um bordado, um tapete, uma blusa, a técnica não importa muita, vou em busca da
que melhor se adequa ao momento. Lendo um bom romance, ver um filme, dois. O
caminhar me conecta, comigo mesma e com o universo.
O
amanhecer e de uma riqueza tremenda, que pela rotina terminamos esquecendo,
momento de ser fazer diferente, de buscar novos rumos, novas formas de resolver
velhos problemas. Estamos sempre com receios, medos das mudanças, e não nos
apercebemos que mudamos de qualquer forma. Nos apropriando da mudança ou não. Quando
assumimos o percurso fica mais vivo, mais criativo e mais original.
Eu
tem dias que saiu pela beira do rio, outros saiu pelas ruas arborizadas, outros
vou pela rua que tem lojas. As pessoas
dependendo do horário que saímos são quase sempre as mesmas, raras exceções.
Alguns
caminham ouvindo música, outros correm, uns cumprimentam, poucos juntam algum
lixo que encontram no caminho. Eu prefiro ir fazendo exercícios respiratórios,
pensando, conversando comigo mesma e observando. Observo a natureza, as pedras,
os pássaros, as arvores e as flores do caminho.
Volto,
me alongo e tomou meu chimarrão, e quando vejo o dia já me tomou por completo.
PORTO ALEGRE, 10 maio 2016.
MAGALY ANDRIOTTI FERNANDES
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