domingo, 22 de maio de 2016

Domingo de chuva

Outono, os dias ficam cinzas. Nas arvores as folhas amarelas ou marrons, umas avermelhadas, caem. Os galhos se mostram firmes e fortes. Alguns poucos dias de sol, frio e céu azul. Esse domingo, eu dormi mais do que a cama. Nove horas acordo assustada com os ruídos da rua. A vida já vai longe e eu ali na maior preguiça. Domingo, penso, tranquilo posso ficar por aqui sem nada fazer. Pego meu tablete e vou ver o que tem de novo no face book. Busco um livro na biblioteca virtual e leio um pouco. Lembro, hoje e dia de feira e saio da cama. Um sair lento como uma tartaruga ou feito uma gata. Vou me arrastando até o banheiro para um banho bem quentinho e ver se energia me possui. Tomo café, me visto e vou a feira.
A feira é sempre muito animada, encontro com os vizinhos, com amigos que moram no bairro. Uns vem tomar suco de laranja e comer pastel. Eu já saiu de casa com o café tomado, mas fico por ali batendo papo. Na banca de carnes da Borussia, carne fresca do frigorifico, estou sendo atendida quando escuto: - deixa que eu termino com ela. Ui, que susto, termina comigo, mas estou aqui todo o domingo. Vai eliminar a cliente, pergunto. O homem sorri. O mais velho la do fundo comenta, olha só senhora, ele quer terminar contigo, rimos juntos. Sigo em busca das frutas e verduras.
A chuvinha fina recomeça, e eu me apresso, a feira e bem na frente da minha casa, maior mordomia. Entro em casa, guardo as compras e início o preparo do almoço. Tempero o lombo de porco e deixo marinando. O cardápio, uma maionese com lombo ao forno, suco de limão.
Sento no sofá, e me vou ao telefone, colocar em dia as notícias da família. Uma música ao fundo, Maria Bethânia, tempo, tempo, canta ela. O tempo voa, mas domingo e dia de leveza e lerdeza. Fico ali atirada, nem o tricô me apetece, me alongo, bocejo. Tinha que caminhar, ir ao cinema, mas com essa chuvinha lá fora, vou mesmo e ficar por casa. Escolho um filme e assisto. Almoço e vou cochilar.
Quando acordo o domingo já está bem avançado. Vou ler e ouvir música e assim fico até o sono me possuir por completo.
Domingo de chuva, dia de preguiça, de introspecção, de colocar o sono em dia, que vem há a segunda.
MAGALY ANDRIOTTI FERNANDES

PORTO ALEGRE, 22 MAIO 2016

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