Domingo de chuva
Outono, os dias ficam cinzas. Nas
arvores as folhas amarelas ou marrons, umas avermelhadas, caem. Os galhos se
mostram firmes e fortes. Alguns poucos dias de sol, frio e céu azul. Esse
domingo, eu dormi mais do que a cama. Nove horas acordo assustada com os ruídos
da rua. A vida já vai longe e eu ali na maior preguiça. Domingo, penso,
tranquilo posso ficar por aqui sem nada fazer. Pego meu tablete e vou ver o que
tem de novo no face book. Busco um livro na biblioteca virtual e leio um pouco.
Lembro, hoje e dia de feira e saio da cama. Um sair lento como uma tartaruga ou
feito uma gata. Vou me arrastando até o banheiro para um banho bem quentinho e
ver se energia me possui. Tomo café, me visto e vou a feira.
A feira é sempre muito animada,
encontro com os vizinhos, com amigos que moram no bairro. Uns vem tomar suco de
laranja e comer pastel. Eu já saiu de casa com o café tomado, mas fico por ali
batendo papo. Na banca de carnes da Borussia, carne fresca do frigorifico,
estou sendo atendida quando escuto: - deixa que eu termino com ela. Ui, que
susto, termina comigo, mas estou aqui todo o domingo. Vai eliminar a cliente,
pergunto. O homem sorri. O mais velho la do fundo comenta, olha só senhora, ele
quer terminar contigo, rimos juntos. Sigo em busca das frutas e verduras.
A chuvinha fina recomeça, e eu me
apresso, a feira e bem na frente da minha casa, maior mordomia. Entro em casa,
guardo as compras e início o preparo do almoço. Tempero o lombo de porco e
deixo marinando. O cardápio, uma maionese com lombo ao forno, suco de limão.
Sento no sofá, e me vou ao
telefone, colocar em dia as notícias da família. Uma música ao fundo, Maria
Bethânia, tempo, tempo, canta ela. O tempo voa, mas domingo e dia de leveza e
lerdeza. Fico ali atirada, nem o tricô me apetece, me alongo, bocejo. Tinha que
caminhar, ir ao cinema, mas com essa chuvinha lá fora, vou mesmo e ficar por
casa. Escolho um filme e assisto. Almoço e vou cochilar.
Quando acordo o domingo já está
bem avançado. Vou ler e ouvir música e assim fico até o sono me possuir por
completo.
Domingo de chuva, dia de
preguiça, de introspecção, de colocar o sono em dia, que vem há a segunda.
MAGALY ANDRIOTTI FERNANDES
PORTO ALEGRE, 22 MAIO 2016
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